Mudanças no Ensino Médio brasileiro são necessárias e inevitáveis

O Novo Ensino Médio pretende aproximar as escolas da realidade dos alunos

O Ensino Médio é um momento crucial na vida profissional e pessoal dos estudantes, mas seu atual formato não contempla todas as complexidades que o jovem do século XXI encontra na escola e na vida. Cada vez mais, a dinâmica professor e lousa vem caindo em desuso e surge a necessidade de um modelo que acompanhe as mudanças que têm ocorrido nas salas de aula e na sociedade.

Em 1961, foi criada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) no Brasil. A última atualização da LDB foi em 1996, ou seja, mais de vinte anos se passaram e essa é a versão que vigora até hoje nas escolas do país. Tais modificações não acompanharam o ritmo do crescimento de tecnologias e inovações para o setor. Inevitavelmente surgiu a necessidade de novas diretrizes que possam guiar a educação brasileira.

As crianças nascidas após os anos 2000 vivenciam uma realidade de mundo completamente diferente dos estudantes dos anos 1990, principalmente em termos de avanços tecnológicos e nos meios de comunicação. “Existe uma perda de sentido para essa juventude que a escola não está dando conta de responder. Isso vem muito do modelo da nossa geração e do modelo de escola que criamos e que prevalece até hoje”, afirma Hydnéa Domingueti especialista em avaliação educacional, em palestra na Convenção Anglo 2019.

O Ministério da Educação (MEC) também confirma a necessidade de reformulação no currículo das escolas, principalmente em relação ao Ensino Médio. Segundo a instituição, a partir de 2022, todas as escolas do ensino público e privado do país deverão seguir a Lei nº 13.415/2017 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegura mudanças na carga de horas anuais e na organização curricular das instituições.

Na Convenção do Anglo, Domingueti também apontou que um dos principais desafios para a educação atualmente é pensar em um Ensino Médio alinhado à visão de mundo dos jovens: “Nossa geração buscou pela segurança, procuramos uma graduação. Essa geração não busca isso, ela procura a felicidade. Dá para fazer uma escola com base só na busca pela felicidade? Não, por isso precisamos ressignificar esse papel”.

O diretor do Sistema Anglo de Ensino Paulo Moraes participou da mesa como mediador da conversa e concordou com a necessidade de adaptação. “O filósofo Zygmunt Bauman fala sobre a modernidade líquida. Vivemos uma época de fluidez e incertezas e acho que essa juventude é resultado desse processo. Os jovens chegam na escola com uma outra realidade”, aponta Moraes.

“Acho que essa reforma vai nos possibilitar dar flexibilidade na montagem do currículo e da organização da escola, da gestão curricular”, afirma Guiomar Namo de Mello, diretora da Escola Brasileira de Professores – EBRAP, e também palestrante na Convenção Anglo 2019. Para ela, as mudanças no Ensino Médio funcionarão de acordo com a capacidade da escola de se atualizar e propor soluções inovadoras e significativas.

Escreva um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *