Como deixar as aulas remotas mais interessantes e interativas?

Preparar um roteiro, variar ambiente das gravações, buscar feedback dos alunos e cuidar da iluminação, do som e da linguagem são alguns dos recursos que o professor pode usar

Transpor as aulas presenciais para o ensino remoto durante a pandemia tem sido um desafio para muitos docentes. Para aumentar o interesse dos alunos e estimular a participação nesse novo formato, o professor pode usar algumas técnicas e a própria criatividade na preparação e no desenvolvimento das aulas. Conrado Carrião Martins Duclos, assessor pedagógico do Sistema Anglo, dá algumas orientações sobre como fazer isso.

Preparação da aula

Duclos diz que vale a pena o professor pensar num planejamento um pouco diferente daquele que normalmente seria feito para uma aula presencial. “Presencialmente, apesar de já ter um roteiro em mente, o desenrolar da aula costuma depender muito da participação dos alunos. Às vezes, uma pergunta pode fazer a aula caminhar para outro lado. Já numa aula gravada, que não vai contar com a interação dos estudantes, é muito importante o professor ter um roteiro a ser seguido”.

Atentar para os aspectos estéticos, como iluminação, qualidade do som, postura na aula, ambiente de fundo e até a vestimenta, também faz diferença. “A roupa do professor ou os objetos da casa dele que estão aparecendo na tela não devem chamar mais a atenção do que a sua fala”.

Para dar um dinamismo maior às aulas, a sugestão é variar um pouco o ambiente das gravações e o posicionamento da câmera. Segmentar as aulas — por exemplo, gravar dois blocos de 25 minutos e não apenas um de 50 minutos — também contribui para deixá-las menos cansativas.

Desenvolvimento

De acordo com o assessor, para alunos da Educação Infantil e Fundamental I, é importante a articulação entre os elementos sonoros e visuais, ou seja, enquanto o professor está falando, a imagem deve estar nele. Já para os estudantes mais velhos, é possível mostrar algo na tela, como a lousa ou um power point, enquanto o professor explica algo.

Outro aspecto relevante é garantir o feedback do aluno. “Na aula presencial, o professor tem a oportunidade de ver o rosto dos estudantes e saber, pela expressão deles, como estão recebendo aquele conteúdo e se entenderam ou não. Mas, se ele está falando para uma câmera numa aula gravada (ou mesmo ao vivo, com os alunos com suas câmeras fechadas), ele pode selecionar alguns pontos e ir checando — por exemplo, ir perguntando, em determinados momentos, se eles estão entendendo o que está sendo dito.”

A linguagem usada também é fundamental. “O ideal é fugir da linguagem robotizada, no mesmo tom, como se fosse um audiobook, e utilizar um sistema mais dialógico, como se estivesse conversando com o aluno, incluindo até brincadeiras”, recomenda o assessor.

Outros recursos

Para aumentar o interesse dos alunos, Duclos também sugere elaborar uma sequência didática com conteúdos que já estão prontos na internet — por exemplo, selecionar vídeos de esportes para aulas de educação física e documentários para história. Outra possibilidade é usar a sala de aula invertida, em que o professor pede para os alunos prepararem um conteúdo para compartilhar com a classe.

Nessa mesma linha, ao terminar uma sequência de aulas de determinado assunto, o professor pode preparar um aula só para ouvir o retorno dos alunos, para que comentem o que entenderam e realizar um debate sobre o tema.

“São recursos para aumentar o engajamento dos estudantes e estimular a interação nesse ambiente remoto, a grande novidade que todos estamos vivendo”.

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