É essencial exercitar o cérebro para dissertar sobre um assunto, mas por que o coração deve ficar de fora desse exercício? O que vai para o papel não deve ser alheio ao íntimo dos estudantes. Essa aproximação entre o emocional e o racional é o objetivo do projeto Rima de Feras do Colégio Anglo Ribeirão (Ribeirão Preto – SP).

Paralelamente aos conteúdos obrigatórios, a professora de redação Cláudia Cantarella trouxe para os alunos do Ensino Médio um grande tema comum, que norteou as produções literárias. Neste ano, foi escolhida a amizade, que, além de já ter sido tema de redação de vestibular, é assunto integrado ao cotidiano dos estudantes.

“Ao saírem do colégio e seguirem suas vidas em inúmeras universidades do país e, posteriormente, trilharem seus caminhos no mercado de trabalho, esses jovens irão guardar na memória os amigos que aqui fizeram, as risadas, os choros, as broncas e os abraços”, conta Cláudia sobre a escolha do tema. “O bonito da vida, os laços que fortalecem os sonhos, os amigos que fazem e que serão para sempre”, completa a professora, que realiza o projeto há três anos, cada vez com um tema diferente.

Antes de partir para a produção, porém, os alunos têm que se deparar com a tradição, lendo uma variada gama de conteúdos sobre a amizade, tanto em quadrinhos, cartuns, e colunas de jornais, como em textos de Graciliano Ramos, Clarice Lispector e Cecília Meireles.

Enriquecidos com diversas perspectivas, os alunos passaram a produzir seus poemas, aldravias (poemas de seis linhas, com uma palavra em cada uma), contos e crônicas sobre a amizade – ora em sala de aula, ora como tarefa a ser entregue por e-mail. Além disso, os estudantes interessados em desenho puderam produzir e mostrar suas artes.

“É muito prazeroso trabalhar com os alunos fora da preocupação com o vestibular. Com este projeto, eles veem como é fundamental a formação humana em paralelo com os conteúdos das aulas”, afirma Cláudia.

Encerrada esta fase, as produções passaram pela avaliação dos professores de Redação e Língua Portuguesa e os mais bem avaliados partiram para um concurso. Com o auxílio de instituições locais, como a Casa do Poeta e a União dos Escritores, foram selecionados os três melhores. Os primeiros lugares de cada categoria foram agraciados com um tablet, enquanto os outros dois ganharam livros e entradas de cinema.

No final, todos os trabalhos foram compilados e impressos em um livro. Durante a feira literária local, foi realizado um evento de lançamento e cada um dos participantes do projeto recebeu cinco exemplares para distribuir entre amigos e familiares.

A obra deste ano intitulada “Amigo é pra estas coisas” conta com 128 páginas –  mais que o dobro de páginas da primeira, “Amor nos tempos da internet”(2015), e também maior que a do ano passado, “Os nossos dois lados de cada dia”.

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