Escola promove o trabalho voluntário e alunos exercitam ética, responsabilidade e empatia

O trabalho do Liceu Anglo Araras começou em 2006 e segue firme com o intuito de “semear a cultura do voluntariado no mundo”

Foi no ano de 2006 que Regina Boldrin Ziane, coordenadora do ensino médio do Liceu Anglo Araras (SP) na época, decidiu colocar seu sonho em prática e formar um time de voluntários na escola. O projeto ganhou forma ao longo dos anos e, desde 2011, a escola atua na Obra Social Madalena de Canossa promovendo atividades recreativas para meninas de 6 a 16 anos.

Atualmente, a equipe de voluntários é composta por 22 alunos do Ensino Médio, que recebem o apoio da psicóloga Daniela Fuschini Favaro e da professora Vanessa Anadão. O processo de adesão é organizado da seguinte forma: no segundo semestre do ano letivo os veteranos acolhem os novatos e, durante os meses de maio e junho, cada iniciante tem um mentor. Essa dinâmica funciona tanto para a orientar o novo pessoal quanto para promover a integração entre as turmas.

O início de um novo ciclo também marca a primeira roda de conversa dos participantes. É nessa reunião inicial que os veteranos contam sobre suas experiências e são passados os valores – colaboração, respeito, amizade – regras e as posturas adequadas para conduzir o projeto. Os novatos também assinam um termo de responsabilidade a fim de atestar o compromisso de ética e sigilo.

As visitas do Anglo à Obra Social Madalena de Canossa acontecem todas as sextas-feiras das 15h30 às 17h. Nos dias úteis, as meninas são acompanhadas pelos monitores da própria Instituição para atividades como: reforço de conteúdo, aulas de culinária e dança; elas frequentam o local sempre no período inverso ao escolar, de forma gratuita.

Sexta-feira à tarde é um momento muito esperado pelas meninas e se precisam faltar por algum motivo, por vezes choram. “Existe um vínculo de muito carinho entre os voluntários e as meninas”, explica Favaro. A psicóloga ainda acrescenta que elas escrevem cartões e bilhetes para presentear os alunos do Anglo.

A relação também exige cuidados. Os alunos, por exemplo, são orientados a não perguntar sobre a história de vida das crianças. No entanto, o vínculo estabelecido faz com que elas naturalmente confidenciem questões íntimas e problemas; dessa forma, o sigilo é essencial. Se o caso for relevante para o bem-estar das meninas – como violência doméstica – o voluntário deve pedir a orientação de Favaro ou Anadão, para que elas possam trabalhar junto aos organizadores da Instituição a fim de encontrar a melhor solução.

Os participantes são responsáveis por promover a recreação das meninas. Eles organizam atividades diferentes para cada faixa etária: algumas vão para a quadra jogar queimada, pique bandeira ou pular corda; enquanto outras fazem pinturas, brincam com jogos de tabuleiro ou escutam histórias a partir da leitura de um aluno. “Sexta-feira é um dia que estamos cansados, mas elas recarregam as nossas energias. É gratificante!” Amanda Tolofo, 16, fala sobre a sua experiência.

Os estudantes do Anglo sempre fazem uma roda de conversa junto às meninas ao início de cada brincadeira para explicar as regras. Eles também são responsáveis pela interferência no meio do jogo, se necessário. No caso de brigas mais sérias são acionadas a psicóloga Daniela Favaro e a professora Vanessa Anadão.

O profissionalismo exigido dos alunos vem gerando frutos. “Agora sou mais responsável e calma em certos aspectos”, conta Tolofo. Quando perguntado aos pais se o trabalho voluntário fez diferença na conduta do filho, as respostas foram muito positivas, com mudanças de visão em relação ao mundo e principalmente ao próximo.

Ao final do ano letivo, os estudantes que compareceram em pelo menos 75% dos encontros, ganham um certificado de participação. José Vitor Lagazzi, 19, foi voluntário no ensino médio do Anglo e, agora que ingressou na Fundação Getúlio Vargas (FGV), se inscreveu para o trabalho voluntário junto a faculdade – já está na última fase do processo seletivo. “A minha experiência fez com que eu mudasse o meu propósito de vida para menos egoísta e mais social. Quero conciliar faculdade e trabalho com o voluntariado”, conta Lagazzi. E assim, a cultura do voluntariado cresce junto com os alunos.

Se você é aluno, professor, gestor ou faz parte de alguma escola da rede Anglo, venha nos contar o que você faz para inspirar as pessoas ao seu redor. Envie sua história para nós.

3 comments

  1. Valores são aprendidos apenas quando VIVENCIADOS. Quando os educadores e gestores da escola possuem um olhar de prospecção de possibilidades e visualizam o POTENCIAL de realização dos adolescentes, lançam chamados neste estilo de projetos. E o resultado é este! #galeradobem #orgulhod+

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