Equipe de psicólogas do Anglo orienta sobre formas de abordar o tema dentro da sala de aula
O suicídio de adolescentes tomou conta das páginas dos jornais nos últimos meses e levantou o debate sobre o modo de lidar com o tema dentro da escola. Existe prevenção? O que pode ser feito para evitar? Como falar com os estudantes sobre um tema tão delicado? O Informanglo ouviu a equipe de psicólogas do SAP (Serviço de Atendimento Psicológico do curso Anglo) e elencou três orientações importantes para serem desenvolvidas no ambiente escolar.
- Quebrando o tabu
Embora as taxas de suicídio no Brasil sejam menores em comparação com a média mundial, existe um crescimento dos índices principalmente entre o público infanto-juvenil e jovem adulto, segundo informações divulgadas pelo CVV (Centro de Valorização da Vida).
Dados do Ministério da Saúde apontam o suicídio como a quarta maior causa de morte de jovens no país. De acordo com o último levantamento do Mapa da Violência, entre 2004 e 2014, a taxa de adolescentes de 10 a 14 anos que tiraram a própria vida aumentou 40% – entre os jovens de 15 a 19 anos, o crescimento foi de 33%. Já o último estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) revela que, diariamente, cerca de 30 pessoas se matam no Brasil.
Segundo a equipe de psicólogas, é importante assumir e falar abertamente em sala de aula sobre os casos de suicídio que ganharam destaque na mídia. Dessa forma, abre-se um espaço institucional onde o tema pode ser acolhido de forma empática.
Enquanto não se fala sobre o assunto, ele continua a ser um tabu, em que muitos pensamentos e fantasias vão sendo alimentados. Se a pessoa não expressar sua angústia, ela pode passar a se isolar. Ao conversar sobre o tema, o indivíduo passa a formar uma rede em que se estabelecem vínculos; isso favorece o cuidado.
- Construindo pontes
Seguindo as orientações do SAP, não se deve julgar, dar sermão, desconfiar ou banalizar o que a pessoa sob risco de suicídio está dizendo, ou mesmo utilizar frases de incentivo. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a maior parte dos indivíduos que pensa em tirar a própria vida enfrenta uma doença mental que altera, de forma radical, a percepção da realidade e interfere no livre arbítrio.
Por isso é necessário cuidado ao conversar sobre os sentimentos negativos para evitar a construção de muros entre os indivíduos. Quem convive com essas pessoas são os mais aptos a perceber os sinais de que alguém pensa em desistir da própria vida. Nesse sentido, devem ser construídas pontes de diálogo.
Para poder entender o adolescente e auxiliar na prevenção, o estudo e a discussão do tema devem ser conduzidos de maneira adequada. O site do CVV reúne textos a respeito do suicídio, que podem ser baixados de forma gratuita.
- Exercendo a empatia
É importante que os educadores tenham clareza de que o sofrimento e os pensamentos suicidas fazem parte da natureza humana e devem-se a muitos fatores, e não a uma única causa ou a um culpado. A fase do desenvolvimento compreendida entre o fim da infância e o início da fase adulta comporta singularidades em que o indivíduo passa por mudanças nas formas de se relacionar.
Nesse momento de descobertas, é necessário diálogo e empatia para que se compreenda as singularidades de cada jovem. Por isso, a parceria da escola com a família é fundamental para construir juntos um caminho para orientação.
Ajuda
Fundado em 1962, o CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (188), email, chat e voip 24 horas todos os dias.