Treino é fundamental para um bom resultado no Exame e as instituições podem utilizar diversas estratégias para contribuir
*Por Renata Guzzardi
O ENEM nasceu tímido, em 1998, ocasião em que apenas 116 mil alunos se inscreveram, pois quase nenhuma faculdade usava essa nota na época. Sua principal meta era avaliar o aprendizado dos alunos do Ensino Médio em todo o país, a fim de nortear o ministério da educação na criação de políticas estruturais de melhorias do ensino brasileiro.
Passados 20 anos, o exame acabou se transformando no maior processo seletivo do país e um dos maiores do mundo, com quase sete milhões de inscritos no último ano. Hoje, cerca de 130 instituições públicas utilizam sua nota através do Sisu, oferecendo mais de 235 mil vagas em todo o país. Além destas, outras várias instituições públicas e privadas também utilizam essa nota – algumas delas, inclusive, fora do país.
O ENEM tornou-se em uma prova conteudista, na linha dos demais grandes vestibulares, cujas diferenças basicamente estão no formato de extrair o conhecimento do candidato. No entanto, nem todos os conteúdos de cada disciplina são igualmente abordados nesse exame.
Na hora do estudo, portanto, o ideal é dar ênfase aos conteúdos mais recorrentes. Para isso, o candidato deve apropriar-se de estatísticas que apontem estes dados, como por exemplo o Anglo Analisa, que mostra esses conteúdos recorrentes, matéria por matéria. Há, inclusive, uma versão em vídeo da ferramenta, que o candidato pode consultar no Youtube.
Outro ponto importantíssimo é a Redação, que sempre traz um tema da atualidade – lembrando que o texto do candidato deve respeitar os direitos humanos, defender um ponto de vista e apresentar uma proposta de intervenção social para o problema abordado. Ou seja, além de o candidato precisar de muita leitura, premissa para poder construir um bom texto, o ideal é que esta leitura seja diária e voltada para jornais e revistas, para estar antenado com os principais acontecimentos do Brasil e do mundo.
O importante é o treino. Imagine dois eixos perpendiculares, nos quais na horizontal temos o “conhecimento” e, na vertical, o “rendimento”. O desempenho do candidato deve estar à direita destas coordenadas. Afinal, de nada adianta ter todo o conhecimento e não render na prova (leia-se por “render” colocar todo o conhecimento em prática em apenas cinco horas de exame), e vice-versa.
Usando conhecimento como premissa, o rendimento entra como o principal fator de sucesso para o candidato. E a única forma de “render” é treinar. Como um atleta, que treina incansavelmente para uma competição, da mesma forma o estudante tem que encarar o ENEM. Nesse sentido, as escolas podem auxiliar os alunos aplicando diversos simulados nos moldes do exame que contenham os assuntos mais frequentes em cada disciplina.
Com disso, é possível mostrar ao estudante que o controle do tempo de prova faz parte do treino: o ENEM traz provas extensas, que exigem muita leitura, e o aluno precisa ficar craque em fazer as questões cada vez mais rápido. Redação também, pois sua nota interfere bastante na colocação do candidato dentro do Sisu.
As escolas que ofertam Ensino Médio devem incentivar seus alunos a prestarem a prova como treineiros e, assim, evitar o fator “surpresa” quando for pra valer. Além disso, a instituição precisa disponibilizar informações sobre inscrições e editais, para que os alunos não percam tempo com isso. O ideal é montar um quadro de avisos e utilizar esse espaço para afixar o edital, prazos e formas de inscrição, datas importantes e outras notícias que forem aparecendo ao longo do ano.
*Renata Guzzardi é assessora pedagógica do Sistema Anglo de Ensino, jornalista, pedagoga e pós-graduada em gestão escolar.