Ludicidade deve fazer parte da alfabetização

Brincadeiras, cantigas e jogos podem ser usados como instrumentos nesse processo

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) determina que as crianças devem saber ler e escrever até o final do segundo ano do Ensino Fundamental. Com isso, um trabalho intencional com o letramento precisa começar desde a Educação Infantil. De acordo com Cristina Tempesta, autora de Língua Portuguesa do Sistema Anglo de Ensino, uma das estratégias mais eficientes para isso é o uso da ludicidade no processo de alfabetização. “Ela é uma ferramenta poderosa, porque a ludicidade é a linguagem das crianças”, diz.

A autora explica que, por meio de jogos e brincadeiras, são introduzidos elementos da leitura e da escrita, ajudando os alunos a entender a funcionalidade da linguagem matemática e do português. Assim, em uma brincadeira de casinha, por exemplo, o professor disponibiliza revistas, teclado de computador, em que apareça letras e números, um livro de receitas, convites de aniversário ou casamento. Ao brincar, as crianças adaptam o jogo simbólico para acomodar a presença desses objetos.

A casinha pode, ainda, ter um escritório e vários objetos ligados à escrita e à contagem. Além disso, as crianças podem receber uma correspondência, como uma carta ou um e-mail. “A brincadeira, o prazer de brincar e o faz de conta continuam os mesmos, mas o professor intervém ao colocar objetos que exemplificam a funcionalidade da escrita e da leitura”, conta Cristina.

Da mesma forma, é possível abordar a relação entre som e grafia e apurar a acuidade auditiva. Mas no lugar de se fazer isso apenas de forma acadêmica, o professor pode investir no uso das cantigas de roda, trava-línguas e parlendas, ou seja, desafios orais que atrelam pronúncia, som e memória. A autora lembra que há uma grande quantidade de jogos que envolvem fonemas e grafemas no Caderno do Professor do Sistema Anglo, com dicas e orientações de como, quando e porque utilizá-las.

Estratégias de contagem, bem como o tratamento da informação, também podem ser trabalhadas a partir da abordagem lúdica. Ao brincar de pular corda, o professor pode registrar a lista com o nome dos participantes, a sequência em que eles pularam e a quantidade de pulos que cada um deu sem errar para depois, ao final, representar as informações coletadas em um gráfico de barras. Assim, a brincadeira acontece normalmente e, de forma lúdica, os conhecimentos de Matemática e de Língua Portuguesa tornam-se necessários ao jogo, gerando mais busca de informação e novos conhecimentos construídos. “É preciso aproximar o processo de alfabetização da faixa etária das crianças. É por isso que, nessa idade, a ludicidade e o jogo simbólico são tão importantes”, finaliza a autora.

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