Lição de casa: pais devem ser participativos, mas sem tirar a autonomia do estudante

Família pode contribuir ao estabelecer diálogo sobre o aprendizado e as tarefas e ajudar na criação de uma rotina de estudo; acompanhamento deve ser diferente para cada faixa etária

A realização da lição de casa é uma prática de grande importância no processo de ensino e aprendizagem. Ela representa o momento em que o aluno vai aplicar aquilo que aprendeu em sala de aula e perceber se os conhecimentos absorvidos estão sendo suficientes ou não para responder ou resolver determinado problema ou proposta de atividade.

Para Heloisa Belini, assessora pedagógica do Sistema Anglo, o hábito de fazer as tarefas deve ser desenvolvido desde a Educação Infantil, e o acompanhamento dos pais é essencial, porém pode ser feito de diferentes maneiras de acordo com a idade do estudante e de forma a garantir sempre a sua autonomia.

“O papel dos pais não é o de sentar ao lado e fazer a lição junto com a criança ou fazer por ela. É deixar que ela execute a tarefa da maneira como ela entende que deve fazer”, diz. “Os pais devem perguntar ao filho o que ele aprendeu na aula e quais as lições que ele trouxe para casa. Mas a ajuda deve ser no sentido de colaborar para criar uma rotina para fazer a lição em determinado horário, num local arejado e confortável, que permita que ele se posicione de maneira correta e tenha todo o material necessário para isso.”

De acordo com a assessora, as metodologias e propostas para ensinar determinados conteúdos mudaram muito desde a época em que os pais dessas crianças eram alunos. Então, às vezes, querer ensinar determinado conteúdo, em vez de contribuir para o aprendizado, pode causar confusão. “Nem sempre o jeito que o pai aprendeu é o jeito que passa por essa construção de conhecimento para que o estudante desenvolva as habilidades necessárias”, explica.

Além disso, segundo ela, os pais não devem corrigir eventuais erros, pois o fato de levar tarefa com incorreções constitui uma pista para o professor das dificuldades do aluno e, muitas vezes, da classe. “Quem tem que corrigir lição é o professor, porque é no momento da correção da tarefa que as intervenções vão ser feitas da forma como precisam ser feitas, acompanhando a metodologia que está sendo aplicada para o ensino daquele conteúdo e o desenvolvimento daquelas competências”

Já no caso dos alunos do Ensino Médio, o acompanhamento dos pais não precisa ser,  necessariamente, uma verificação, mas um diálogo sobre o que o filho está aprendendo, o que aconteceu em sala de aula, em quais pontos teve mais dificuldade e a discussão de assuntos que estão interligados com os temas desenvolvidos. “Como os adolescentes normalmente são mais resistentes a dizer se tem ou não lição e, muitas vezes, falam que já fizeram as tarefas, o contato com a coordenação da escola para saber se isso está acontecendo de fato é muito importante”, afirma.

Quando ocorrer do aluno não cumprir a lição, a recomendação é deixar que ele assuma as consequências disso, pois faz parte do processo de amadurecimento e do desenvolvimento das suas responsabilidades. “Se ele escolheu não fazer, ele tem que ser responsável pelas consequências de não fazer a tarefa. Perceber que as nossas escolhas têm consequências também é um aprendizado”, finaliza a assessora.

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