Família deve abrir o diálogo, estabelecer metas e ajudar o adolescente a se organizar; processo é feito de avanços e retomadas, até trilhar caminho a ser seguido
O processo de aprendizagem depende de vários fatores, inclusive da responsabilidade desenvolvida pelas crianças. A atuação dos pais é essencial nesse processo, no sentido de ajudar e incentivar os filhos a praticarem e conquistarem essa autonomia continuamente.
“Quando falamos de responsabilidade, nos referimos às atribuições de cada um e ao fato de que cada indivíduo precisa se apropriar do que é seu e, com isso, responder aos estímulos do seu entorno. Entendo que o papel dos pais é mostrar a importância da responsabilidade e auxiliar os filhos a desenvolvê-la, assim como ajudá-los no entendimento daquilo que está ao seu redor. E, com isso, possibilitar o crescimento interior das crianças, a apropriação das questões e a tranquilidade para lidar com elas”, diz Lilian Vieira, assessora pedagógica do Sistema Anglo.
No caso dos adolescentes, ela observa que naturalmente há um afastamento do compartilhamento com os pais dos compromissos assumidos, pois, nessa fase, eles não gostam muito de dividir as coisas com a família e preferem ter o seu mundo particular. “Mas os pais devem resistir muito bravamente e procurar fazer parte da vida dos seus filhos. Por exemplo, pelo menos uma vez por semana, sentar com o filho e dar uma olhada no material. E sempre conversar sobre a escola.”
No caso de haver questões que não estejam sendo cumpridas adequadamente, a orientação é trazer tudo isso para o diálogo, estabelecer metas e ajudar o adolescente a se organizar. “Às vezes, a grande dificuldade está no ‘como’ ele se organiza frente aos diversos compromissos escolares e extracurriculares. A família deve estar presente e se fazer presente, não em uma posição de cobrança, mas sim de parceria.”
Além das questões escolares, as responsabilidades dos adolescentes podem incluir também tarefas domésticas. Elas são importantes para que ele faça parte do universo familiar e não fique fechado no seu quarto, alienado da dinâmica da casa. “Mas tudo isso tem que ser feito com muita delicadeza e conversa, sem imposição”, orienta Lilian. Por exemplo, a família pode apresentar uma lista de tarefas para que ele escolha como será a sua contribuição.
A assessora considera que a responsabilidade está embasada implicitamente no diálogo desenvolvido pelos pais com o adolescente, no que foi estabelecido e como ele vai se organizar para isso. “E, sempre que preciso, voltar para o diálogo e para uma nova conversa. Aliás, esse é um trabalho incansável. Não existe a desistência por parte dos pais, mas sempre o retorno e a retomada, até que se consiga um caminho tranquilo a ser seguido.”
Para ela, o impacto desse aprendizado na vida adulta do jovem está diretamente ligado à capacidade que ele terá de fazer suas escolhas, ter autonomia e ser um cidadão atuante, pensante e sempre disposto a se desafiar. “Quando isso acontece, esse indivíduo tem um grande papel na sociedade como uma pessoa autônoma, capaz de avaliar o ambiente e as situações e responder a esses estímulos da melhor forma possível.”