Sem as aulas, estudantes têm mais tempo para explorar novas obras e gêneros; pais devem incentivar o hábito e ajudar os jovens a se organizarem com a leitura
A leitura é essencial para a formação plena dos estudantes, tanto a leitura pragmática, que envolve o acesso às informações, o estudo, a reflexão e a consulta, quanto a leitura literária, relacionada à fruição estética, reflexão e entretenimento.
“A primeira permite ao indivíduo responder com maior eficiência às solicitações e desafios da vida pessoal, estudantil e profissional e desempenhar suas funções. Já a segunda responde às demandas subjetivas, emocionais e estéticas e desenvolve, juntamente com outras práticas culturais e artísticas, a sedimentação de valores humanos e a visão crítica das vivências pessoais e sociais”, diz Ricardo Silva Leite, um dos autores do material de Língua Portuguesa para os anos finais do Ensino Fundamental do Sistema Anglo de Ensino.
Segundo ele, as habilidades requeridas pela leitura pragmática devem ser desenvolvidas sistematicamente ao longo da vida escolar. Mas para a formação do leitor literário, o contexto da escola não é suficiente. Concorrem para isso todas as experiências culturais e sociais dos estudantes, a formação do gosto literário e do que tem sido chamado de “hábito”.
Para desenvolver esse gosto pela leitura nos jovens, Leite considera importante, entre outras iniciativas, que a família leia com os filhos e para os filhos, disponibilize livros e comente e discuta sobre eles. “Os adolescentes não podem ter à mão apenas o celular e outros meios digitais. Eles também precisam ter uma ideia do conteúdo de um livro para despertar a curiosidade de lê-lo e depois discutir aquela obra, criando oportunidade de crítica pessoal, positiva ou negativa, ao livro lido.”
Outro aspecto relevante é a família dar o exemplo. “Os adultos, embora apregoem a importância da leitura e a necessidade de que seus filhos e alunos leiam, nem sempre são leitores. O discurso sobre a importância da leitura não cria leitores. Toda prática cultural só existe e se desenvolve organicamente como prática social viva, ou seja, pega por contágio”, afirma. Ele recomenda ainda que os pais ouçam as leituras de seus filhos, aceitem sugestões de leituras que eles façam e concordem que eles interrompam leituras que lhes desagradem.
O autor aponta que as férias podem ser um bom momento para se dedicar aos livros e, em tempo de isolamento, provocado pela pandemia, a leitura pode ser uma grande aliada dos jovens e de suas famílias na reinvenção da convivência. “Não vou sugerir um roteiro, pois não acredito que leitura tenha a ver com rotina. Mas outras dicas para estimular o hábito da leitura seriam visitar livrarias, bibliotecas ou sites de editoras e blogs de divulgadores e conhecer as obras clássicas de todos os tempos, inclusive as boas adaptações existentes no mercado. Também vale apresentar os diferentes gêneros que atendem aos gostos da faixa etária, como aventura, mistério, terror, policial, ficção científica, romance e biografia, e obras que discutem os temas importantes da nossa época, como as questões de gênero, racismo e desigualdades”, finaliza Lima.