Família deve transmitir serenidade, estar aberta ao diálogo, confiar na preparação do jovem e não menosprezar a ansiedade e a tensão que as provas geram
O ano de vestibular costuma ser um período de muito estudo, esforço, expectativas e desafios para os estudantes. Além da meta de ser aprovado no processo seletivo, há todo um investimento afetivo no projeto profissional que estão desenhando, que implica em escolhas que incidirão sobre o futuro. Para que eles possam estar bem preparados para a realização das provas e lidar de maneira saudável com essa situação, ainda mais em um ano marcado por uma pandemia, o apoio dos pais é fundamental.
“É muito importante dar suporte emocional aos filhos nesse momento, transmitir serenidade e não menosprezar a ansiedade e a tensão que as provas geram”, diz Bárbara Souza, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico (SAP) do Curso Anglo e autora do material de Projeto de Vida, do Ensino Médio. “Também é essencial os pais se familiarizarem com o desafio que os filhos vão passar, conhecendo o trabalho que estão fazendo e os vestibulares que prestarão, que estão cada vez mais competitivos e exigentes.”
Confiar no estudo que o filho está desenvolvendo e lembrá-los de tudo o que faz e o conjunto de conhecimentos que já têm são outras atitudes positivas que a família pode ter. “É importante esse contraponto e essa valorização, porque, às vezes, o filho se cobra por aquilo que ficou faltando.”
Como a ansiedade antecipa para o presente uma preocupação em relação ao que vai acontecer no futuro, auxiliar os filhos na organização que antecede as provas, prevenindo imprevistos, é outra forma de os pais ajudarem. Isso inclui, por exemplo, ler o edital e se familiarizar com os materiais que serão usados no exame, com os horários que vão reger as provas e com as regras de funcionamento do vestibular. Em tempos de pandemia, também é recomendado treinar o uso das máscaras.
Um ponto relevante é evitar cobranças. “O estudante sabe o desafio que vai enfrentar nas provas, a quantidade de conteúdos que ele tem que dominar e o tamanho da concorrência. Ele já experimenta uma insegurança em relação aos exames, pois, por mais que ele estude, ele não possui a garantia de que será aprovado”, afirma a psicóloga. “Com a proximidade dos vestibulares, a cobrança só vai gerar mais insegurança e, desestabilizado, ele terá mais dificuldade para se concentrar e manter a atenção na hora da prova.”
Outra atitude que os pais devem evitar, segundo ela, é fazer comparações com o filho de algum conhecido ou parente. “Cada um tem o seu tempo e ritmo para aprender, além das facilidades e dificuldades pessoais. Então, esse tipo de comparação só cria instabilidade no jovem e ainda pode causar um sentimento de que ele não corresponde ao que se espera dele ou a um determinado padrão.”
Para Bárbara, também é muito importante que os pais estejam disponíveis para acolher os filhos e abertos ao diálogo. “Às vezes, os jovens querem conversar, mas não sobre vestibular. Eles podem desejar sair desse monotema e falar de outras coisas. Por isso, é fundamental os pais ouvirem o que os filhos têm a dizer. Nesse momento, sem julgamentos, sem sermões e sem querer ensinar o que eles devem fazer. Se não, eles não estão escutando o filho, mas sim falando da sua necessidade. É necessário haver essa escuta ativa para tranquilizá-los e dar conforto nessa fase tão crucial.”
Por fim, ela sugere que os pais estimulem hábitos saudáveis como a prática de atividade física, alimentação equilibrada, horas adequadas de sono e lazer. “Tudo isso promove a saúde e o bem-estar. Além de auxiliar no aprendizado, ajuda a lidar com a preocupação e a tensão do momento.”