A pintura, o desenho, a criação de histórias e a fabricação de brinquedos e objetos despertam a imaginação e potencializam a capacidade de questionamento e de inovação
Ser capaz de pensar de um modo diferente, romper com esquemas pré-estabelecidos e inovar é uma habilidade muito importante para a vida pessoal, acadêmica e profissional, que pode ser estimulada desde a infância. “Além dessa criança conseguir resolver problemas com mais facilidade, na escola e em casa, quando ela se tornar adulta será capaz de se diferenciar da média por encontrar soluções sobre as quais ninguém havia pensado”, diz Leila Rensi, autora de língua portuguesa do Sistema Anglo.
O pensamento divergente, segundo ela, também é fundamental para formar uma sociedade que não aceita tudo o que lhe é imposto e para as pessoas desenvolverem o tão falado senso crítico. “Sem criatividade é impossível desenvolver o senso crítico”.
Há diversas maneiras de estimular essa habilidade nas crianças, afirma a autora. Por exemplo, por meio da pintura, do desenho, da escrita e da fabricação de brinquedos e objetos. “Todos esses processos despertam a imaginação, potencializam a capacidade de análise e as ajudam a se desenvolverem.”
Outro fator importante é a criança dispor de tempo para brincar livremente. Por isso, não é aconselhável que ela tenha uma rotina tomada pelas atividades escolares e de outros cursos, como judô, piano, balé, futebol, inglês, música etc.
Em casa, junto com a família, muitas coisas podem ser feitas para incentivar o pensamento criativo. “Quando a criança se manifesta, seja falando algo, desenhando ou contando uma história, é importante não corrigi-la ou restringi-la. “Se ela resolver desenhar mãos com três dedos, cachorros sem orelhas ou cavalos com asas, nós devemos permitir. O máximo de intervenção seria perguntar como ela pensou nessas coisas”, orienta Leila.
Os pais também devem prestar atenção para ver o que a criança gosta e sugerir atividades ligadas a isso. “Se ela gosta de robôs ou dinossauros, por exemplo, a família pode incentivá-la a construir esses objetos com cartolina ou materiais recicláveis. Não oferecer apenas brinquedos prontos e industrializados, aliás, é outra iniciativa que contribui para aguçar a imaginação. Depois, ela pode inventar uma história para esses personagens que criou”.
Outras atividades nessa linha que ela sugere são produzir sons com percussão corporal ou usando objetos como copos, panelas e talheres; e brincar de vestir as próprias roupas ou peças da mãe ou do pai, compondo figurinos diferentes e fazendo combinações inusitadas. A partir daí, também dá para criar personagens e dramatizar situações.
A imaginação pode ainda ser estimulada por meio da criação de histórias e situações. Por exemplo, iniciar uma narrativa e pedir à criança que acrescente uma parte e cada um vai complementando até finalizar a história. Ou dar algumas palavras soltas ou frases absurdas (como “e você acordou em cima de um trem puxado por cavalos azuis e gafanhotos roxos”) e convidá-la a criar uma história que inclua esses vocábulos ou trechos. Outra ideia é fazer o jogo do contrário ou da inversão, com questionamentos como “e se a televisão assistisse à criança? e se as casas e as árvores se movessem pelas ruas?”
Se a criança tem celular e gosta de tirar fotos ou fazer vídeos, pode ser organizado um concurso, com os amigos, para ver quem produz as imagens mais diferentes e originais, com expressões, poses, perspectivas e ângulos incomuns.
“São exemplos de coisas simples que a família pode fazer em casa para acostumar a criança a ter um olhar diferente e descobrir outros significados para as coisas. Mas os pais devem mostrar interesse no que é criativo, novo e original e desafiar a criança. Como em tudo na vida, o exemplo é mais efetivo do que o discurso”, finaliza a autora.