Saber articular as ideias, ler para adquirir bom repertório e usar dados variados e o raciocínio lógico contribuem para a sustentação e a defesa de pontos de vista
A argumentação está relacionada à capacidade de uma pessoa em articular bem as ideias e defender seu ponto vista, sustentando seu posicionamento. “Mais do que você dizer eu gosto disso ou daquilo ou me identifico mais com esta ou aquela visão política, o importante é saber articular e defender o porquê de tal preferência”, diz Lucy Migliaccio, autora de língua portuguesa do Sistema Anglo.
Segundo ela, o sujeito competente do ponto de vista linguístico é aquele que consegue mostrar os seus valores em relação ao mundo, e a argumentação é o que dá conta disso. “No mundo profissional, a pessoa vai se deparar com esse tipo de questão, de tentar articular seu pensamento em defesa de um ponto de vista ou de uma questão com a qual esteja envolvida. A habilidade argumentativa do indivíduo está diretamente associada à capacidade de exercer o seu papel dentro do contexto social.”
O desenvolvimento dessa habilidade, no entanto, está muito ligado a orientações e técnicas, que são fundamentais ao aluno do Ensino Médio e ao vestibulando. “Uma argumentação variada, por exemplo, é uma argumentação mais eficaz. Quando eu falo de variação, eu estou me referindo a estratégias argumentativas. Usar o raciocínio lógico e argumentos que chamamos de prova concreta — como um fato, um número, uma estatística, uma comprovação com dados da realidade — contribuem para o sucesso argumentativo, assim como a articulação das ideias e o repertório da pessoa.”
Uma argumentação consistente também deve levar em conta o interlocutor. “Isso significa considerar a pessoa para quem eu falo e quais são os seus valores, uma vez que isso muda de época para época e de acordo com círculos sociais.”
Ela exemplifica que, no caso de um exercício de vestibular, se for uma carta, na maioria das vezes, se reconhece os valores desse interlocutor e, ao ir contra esses valores, será preciso mostrar o porquê de o argumento seguir esse posicionamento. Se for uma dissertação mais tradicional, aí teremos o que se denomina de interlocutor universal. “É como se eu estivesse falando para um grande público, mas eu vou expressar meu pensamento, vou mostrar por que eu acredito naquilo, sem a pretensão de fazer o outro mudar de ideia.”
A autora orienta que a leitura e o contato cada vez mais estreito com textos variados que são, do ponto de vista argumentativo, bem produzidos vão ajudar o aluno a organizar o raciocínio e a argumentação. “Quanto mais ele ler bons textos, mais vai conseguir aprender.”