Escutar os alunos e investigar seus interesses são ações essenciais para engajá-los nas aulas

Questionar os estudantes sobre seus gostos e avaliar como estão no processo de aprendizagem permite conhecê-los melhor e atender às suas necessidades

Despertar o interesse dos alunos e engajá-los nas aulas — principalmente quando o estudante diz não ter afinidade com determinada disciplina — são alguns dos grandes desafios que se colocam para os professores. Para Harley Sato, autor de física do Sistema Anglo, uma das formas de os docentes conseguirem isso é por meio da escuta atenta e sincera dos alunos e da investigação do que eles gostam. “Em vez de chegar com algo que a gente acha interessante, nós temos que descobrir o que o aluno acha interessante”.

Mestre em em formação de professores e doutorando em psicologia da educação, ele conta que uma vez lhe perguntaram “como fazer para engajar estudantes desinteressados em atividades obviamente interessantes?”. “Isso é algo que precisamos tomar cuidado, pois não basta ser interessante para nós professores. A forma, os temas, tudo isso tem que ser interessante para os alunos, e nós temos que descobrir, fazer perguntas e criar contextos para investigar quais são os interesses deles. Temos que desenvolver maneiras de escutá-los para saber do que eles gostam.”

Segundo ele, isso pode ser feito simplesmente perguntando para eles o que lhes interessa. Ou, depois das aulas, questionar quais foram os momentos em que eles se sentiram mais ou menos engajados e porquê. Com essas respostas, é possível dar retorno nas aulas posteriores explicando que a escolha de determinado tema foi porque eles tocaram no assunto ou disseram que gostavam da temática. Ou, se o professor não concordar com aquele tema escolhido, ele pode expor o motivo. “A escuta não é fazer o que o aluno quer, mas escutá-lo e levar em consideração a fala dele para tomar as decisões.”

Harley destaca que saber escutar não é a mesma coisa que ouvir. “Ouvir é um ato involuntário. Escutar é ter consciência do que se está ouvindo, o que requer vontade, postura de professor e querer entender o que o aluno está precisando.”

Para apoiar alunos que têm dificuldade ou não têm afinidade com determinada disciplina, ele sugere que o professor também investigue como cada estudante aprende e em que estágio ele está no processo de aprendizagem. Para isso, pode ser aplicada uma avaliação, não apenas para classificá-lo em bom ou mau aluno, mas para conhecê-lo e encontrar quais são os pontos que ele domina e os que precisam ser aprimorados. O autor recomenda usar diferentes instrumentos de avaliação, como teste, prova escrita e até mesmo um debate ou uma carta em que o estudante conte sobre o que aprendeu.

“Com a coleta desses dados, por meio dessas avaliações e das investigações do que eles gostam, podemos tomar algumas atitudes para fazer eles avançarem e também para alterarmos as nossas próprias aulas. Esses dados permitem conhecer melhor os alunos e preparar uma aula mais voltada para as necessidades deles.”

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