Reconhecer sites confiáveis, selecionar entre a grande quantidade de informações as mais e as menos relevantes e distinguir fato de opinião são algumas das orientações
O letramento digital diz respeito a práticas de leitura e de produção de textos em plataformas digitais — sites, e-mails, redes sociais — realizadas por meio de celulares, tablets e computadores. Com o avanço dos recursos tecnológicos e da cultura digital em todos setores e áreas, é importante preparar os estudantes para fazer o uso desses recursos de maneira adequada e de forma crítica.
“O letramento digital deve ser um exercício efetivo, prático, relacionado não apenas à vida escolar, mas também à vida social”, diz Marisa Sodero, autora de língua portuguesa do Sistema Anglo. Segundo ela, na sala de aula, o professor pode trabalhar o letramento digital por meio de leituras, pesquisas, processo de escrita, revisão e reescrita colaborativas, produção de tabelas e gráficos, debates e teleconferências e correções e comentários. “Para tanto, ele deve indicar os meios, estabelecer parâmetros e dar auxílio para que os alunos utilizem de modo adequado e eficiente as inúmeras ferramentas e aplicativos digitais que hoje temos à disposição”, completa.
Para Ricardo Silva Leite, também autor de língua portuguesa do Sistema Anglo, o computador, o tablet e o celular devem tornar-se instrumentos comuns da sala de aula, assim como o são os livros e a própria lousa. De acordo com ele, a entrada dos meios digitais não significa o abandono dos meios analógicos tradicionais, mas revoluciona todo o processo. “O modo de escrever, por exemplo, muda radicalmente, juntando, no mesmo ato, a criação e a edição do texto, que se tornam praticamente simultâneas. Assim, os aplicativos de escrita, como o Word, precisam ser usados em trabalhos escolares, alternadamente com as antigas ferramentas, como o lápis, a caneta e o caderno.”
Marisa aponta que, hoje, os alunos já vêm para a sala de aula absolutamente capazes de utilizar os inúmeros instrumentos digitais que fazem parte do cotidiano. Nesse contexto, o que as escolas devem fazer é preparar os jovens para usá-los de forma que possam enriquecer sua vida escolar e sua vivência social. “É preciso ensiná-los, por exemplo, a discernir entre sites confiáveis ou inadequados e a selecionar, dentre a quantidade imensa de informações sobre qualquer tema, quais as mais e as menos relevantes.”
Ricardo observa que a tecnologia colocou ao alcance de todos uma gama enorme de informações e opiniões e, dentre elas, muitas informações falsas (fake news) e opiniões contrárias à ética, ao respeito pelo outro e à democracia. Assim, a leitura crítica dessas mensagens e saber diferenciar o que é fato e o que é ponto de vista devem ser aspectos essenciais do ensino, especialmente nos anos finais do Fundamental.
O autor lembra que a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe que os adolescentes desenvolvam autonomia e pensamento crítico “para se situar em relação a interesses e posicionamentos diversos”. A base propõe também que seja dada “ênfase especial a procedimentos de busca, tratamento e análise de dados e informações e a formas variadas de registro e socialização de estudos e pesquisas, que envolvem (…) gêneros da cultura digital”, a fim de “fomentar uma formação que possibilite o trato crítico e criterioso das informações e dados.”