Se bem planejadas e equilibradas com outras dinâmicas, elas são eficientes para a aprendizagem dos alunos, principalmente de assuntos mais complexos
Em tempos em que se discute os benefícios do uso de metodologias ativas no processo de ensino e aprendizagem, que colocam o aluno no centro do processo de conhecimento, as aulas expositivas, muitas vezes, acabam ficando em segundo plano. Mas, se bem planejadas e equilibradas com outras dinâmicas em sala de aula, elas podem ser um meio eficiente para ensinar determinados conteúdos.
“A aula expositiva é sempre um bom recurso para assuntos que, inicialmente, são mais intrincados, complexos e precisam de alguma sistematização. Em química, por exemplo, eletroquímica e cálculos estequiométricos são temas complexos. Então, uma exposição inicial ajuda o aluno a se situar e a embarcar naquele raciocínio, mesmo que depois se use outras metodologias para que ele avance de maneira mais autonomia”, comenta Philippe Spitaleri Kaufmann, professor e autor de química do Sistema Anglo.
Ele diz que não há uma metodologia que seja a princípio ruim e que o problema está em usar só uma técnica. “O mais adequado é preparar uma aula em que o formato esteja alinhado aos objetivos de aprendizagem. Uma aula expositiva pode se tornar menos eficiente quando o professor usa uma narrativa fixa e não conduz a aula de acordo com as perguntas e dúvidas dos alunos. Se a aula expositiva for mais aberta, ela vai ser ativa também, pois o professor vai seguindo os questionamentos que vão aparecendo.”
De acordo com o autor, se o aluno está querendo entender o conteúdo e não está apenas ouvindo passivamente, então trata-se de uma aula ativa. “A aula ativa não é só quando o aluno faz ou mexe em algo, mas quando ela é ativa intelectualmente.”
Philippe observa que uma grande vantagem das metodologias ativas é estimular o trabalho autoral do aluno, o que se perde um pouco na aula expositiva. Como ela é, geralmente, muito focada no professor, ele exerce a maior parte do trabalho intelectual, e o aluno fica um pouco mais passivo. “E sabemos que o aluno aprende mesmo quando ele executa um trabalho autoral, como escrever um texto, fazer uma pesquisa, propor um experimento e elaborar questões. Quando o aluno realiza esse tipo de ação, ele consegue ressignificar aquele conhecimento, integrá-lo com concepções prévias que ele tinha, que podem ser verdadeiras ou não. E aí essas concepções podem ser reforçadas ou rompidas.”
Sobre a ideia de que os alunos não gostam desse tipo de aula porque exige uma atenção mais prolongada, ele afirma que a atenção é uma habilidade necessária e que deve ser treinada. “A aula expositiva também ajuda nisso, a não se dispersar facilmente, conseguir focar em algo e participar da atividade.”