Adultos da família devem dividir supervisão, dar autonomia para os adolescentes e orientar mais de perto os menores; irmãos mais velhos podem auxiliar os mais novos
Um aspecto positivo do ensino remoto, durante a quarentena, foi ter aproximado as famílias do cotidiano escolar. Mas, quando os pais têm mais de um filho na escola, como conciliar o acompanhamento de crianças em diferentes séries? Maristela Monteiro, assessora pedagógica do Sistema Anglo, destaca a importância da educação e da formação dos alunos não depender só da escola e a necessidade dos adultos da família dividirem essa responsabilidade.
“É fundamental a participação dos pais na rotina de estudos e acompanhamento das crianças — pesquisas já comprovaram a contribuição dessa parceria para a aprendizagem. Mas, às vezes, essa supervisão acaba recaindo apenas em um único responsável. Para que seja de qualidade, essa interação precisa ser compartilhada entre os adultos da família”.
Segundo ela, o aluno deve saber que ele precisa fazer a tarefa, que aquilo é uma obrigação dele. “O pai, a mãe ou o adulto responsável vão supervisionar — perguntar se fez a lição e cobrá-lo, por exemplo. Também é importante a família demonstrar que valoriza a escola e a educação e que não abre mão de que as tarefas sejam feitas e de que ele estude e se prepare para as provas. Isso é algo que a gente constrói.”
Se a criança for pequena, o pai ou a mãe pode sentar-se com ela para ensiná-la a se organizar. “Ela precisa aprender a organizar a mesa e o material e saber o lugar adequado para estudar, que não é no sofá e nem deitada no tapete. O adulto também pode evitar que a criança fique se distraindo e levantando a toda hora.”
No caso da família ter filhos de diferentes idades, a orientação é dar mais autonomia para os mais velhos, fazendo essa supervisão, e acompanhar mais de perto os mais novos. Se os filhos estiverem em idade que demandam mais atenção, outra estratégia é fazer um escalonamento de horários para um olhar mais individual.
Em relação aos irmãos mais velhos auxiliarem os mais novos, Maristela considera uma boa prática. “Além de reforçar os laços afetivos, ajuda no aprendizado, pois a criança está interagindo com alguém que está no mesmo nível dela e tem mais ou menos a mesma idade, como numa instrução entre pares. Isso cria a ideia que é possível aprender aquilo, já que o irmão consegue fazer.”
Outros aspectos positivos da interação entre irmãos são o uso de uma linguagem mais próxima e acessível e a compreensão melhor do contexto da aprendizagem. “Os pais estudaram em outro modelo, com uma proposta pedagógica que era mais centrada na memorização, e agora não é mais assim. Às vezes, com o irmão, a criança tem mais facilidade para entender o que precisa ser feito e cumprir a tarefa”, completa.
De qualquer forma, os pais devem evitar explicar conteúdos ou ensinar, dando condições para que a criança ou o adolescente consiga prosseguir por ele mesmo. “Os pais podem fazer sugestões, como reler o texto, consultar as anotações feitas na aula e rever exercícios corrigidos. E, quando houver uma dificuldade maior, avisar o professor ou orientar o filho, no caso dos maiores, para que ele mesmo faça isso”, finaliza.