O diálogo e a escuta são elementos cruciais para que a aprendizagem aconteça e para que os alunos se reencantem pela educação
A criação de vínculos é um aspecto importante no processo educativo, principalmente para as crianças mais novas. Quando os alunos estão na escola no formato presencial, a afetividade se manifesta mais facilmente, por meio do olhar, dos gestos, do toque. Mas, no ensino remoto, é preciso criar momentos para que ela também aconteça.
“Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. Precisamos reencantar a educação, e eu vejo que a afetividade nas aulas online tem sido um momento para isso”, diz Claudia Alves de Castro, assessora pedagógica do Sistema Anglo.
Ela destaca que não adianta o professor entrar na sala de aula virtual e simplesmente passar slides ou ser o transmissor de conteúdos, pois hoje isso não faz mais sentido para os alunos. Ele tem que trazer novas experiências dentro daquilo que ele vai ensinar para que a aprendizagem ocorra e seja possível amenizar as lacunas.
“Nas aulas online, as pessoas pouco conversam, os estudantes não ligam as câmeras e se comunicam mais pelos chats. O professor precisa dialogar com os alunos para que eles se reencantem pela sala de aula”, afirma. E, neste momento que estamos vivendo, até por ser uma situação muito difícil e delicada, a escuta é fundamental. “Foram muitas perdas, de pessoas, de oportunidades, no aspecto econômico, e tudo isso nos afeta emocionalmente, adultos e crianças.”
O diálogo e a escuta também serão essenciais no momento de retorno para a escola e de readaptação ao presencial. “Está tudo muito confortável para o aluno, pois ele está dentro da sua casa, não precisa usar uniforme e, de certa maneira, não necessita prestar contas para o professor. Tem muitos estudantes, a partir do ensino fundamental II, que não querem voltar para a escola”, observa a assessora.
Segundo ela, a reconquista do aluno inclui mostrar para ele como o professor é importante na sua vida, no processo de aprendizagem e de formação durante a educação básica. “E também que a escola é o local onde ele faz essa troca de sentimentos e estabelece parcerias e vínculos.”
Claudia também ressalta a importância da afetividade na educação para além das relações interpessoais. “A experiência afetiva não é só um vínculo entre o docente e o estudante. Percebo que, às vezes, falta esse casamento entre aula, aluno e professor. Quando você mostra para o aluno que você acredita e gosta daquilo que você faz, a aprendizagem acontece, ganha sentido e se mostra capaz de encantar o estudante.”