Como estimular os filhos a ficarem longe das telas no tempo livre?

Restringir o uso de eletrônicos faz parte da tarefa dos pais, segundo especialista

Quando as aulas e tarefas terminam, é comum que muitas crianças aproveitem para ficar na frente da televisão, do celular, do computador ou do tablet para descansar. No entanto, um tempo excessivo em frente às telas pode ser prejudicial – e deve ser evitado.

Segundo Paula Pimenta, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo (SAP), a presença da tecnologia na vida das pessoas é um fenômeno irreversível da atualidade e, com o contexto da pandemia e do isolamento social, trouxe uma importante reflexão sobre seu uso e seus possíveis efeitos, principalmente na vida dos jovens e crianças. 

 “Quando esse uso está direcionado às mídias sociais, pode ocorrer uma certa confusão entre o virtual, a fantasia e a realidade. Existe um modo exacerbado em que a realidade é apresentada pelas telas, mostra-se apenas uma versão idealizada, em que as pessoas parecem estar sempre felizes e que as conquistas são sempre fáceis”, diz Pimenta. Com isso, é natural o jovem se comparar e se frustrar, por não estar vivendo essas mesmas situações. Entretanto, é possível que esse sentimento de frustração, de não conseguir lidar com aquilo que não é o ideal, torne-se mais intenso causando angústia e o sentimento de solidão. 

Outro efeito possível do uso excessivo da tecnologia é tomar a interação virtual como a referência principal de vínculo e contato com o outro. “Essa interação, muitas vezes, acaba sendo mais pobre do que o contato presencial com o outro, pois nem sempre é possível chegar a uma relação de intimidade real. Não há a complexidade presente na interação presencial em que silêncios, desconfortos, expressões faciais e corporais compõem a situação do encontro”, explica a psicóloga. Pensando mais no aspecto físico, a constante exposição às telas também pode gerar maior cansaço e desgaste, levando a dores de cabeça e desmotivação.

Como os pais devem agir?

Pimenta explica que a função dos pais é tanto de mediadores, como de exemplos. Porém, eles precisam compreender que a revolução virtual é a realidade em que seus filhos nasceram. Dessa forma, um outro parâmetro de como é possível interagir e conversar precisa ser construído a partir das referências dos adultos, que já possuem esse repertório. 

“Programar uma atividade para que pais e filhos possam juntos vivenciá-la, como ir ao parque, cozinhar ou jogar um jogo analógico, é uma alternativa para o distanciamento dos filhos das telas. Outra possibilidade, é ajudar os jovens a encontrarem objetos e interesses substitutivos aos eletrônicos. Ter uma rotina doméstica em que se garanta alguns momentos de interação familiar sem o uso dos aparelhos também é uma boa opção.”

O limite à tela é essencial, o estudante  precisa aprender que cuidar de si e da sua vida passa por diferentes atividades, como o autocuidado, o estudo, o cuidado com a casa, momentos de lazer e de descanso. “Os pais, que antes tinham como tarefa fazer os filhos escovarem os dentes, tomar banho e fazer a lição, agora também tem a tarefa de limitar o acesso às telas”, finaliza a especialista.

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