Novo Ensino Médio: como os estudantes podem definir os itinerários formativos?

Veja dicas de quais os principais aspectos que devem ser considerados na hora da escolha

Muito se fala sobre os itinerários formativos do Novo Ensino Médio, mas é importante destacar que eles são caracterizados por três elementos:

  • a carga horária 
  • como eles se organizam em metodologias
  • a possibilidade de escolha por parte do aluno 

Esse último item acaba afetando diretamente na construção da autonomia do estudante. E, segundo Henrique Braga, autor de português, coordenador pedagógico e coordenador do projeto do Novo Ensino Médio do Anglo, isso se dá em diferentes níveis. “Não é simplesmente conceder autonomia, mas é como contribuir para que o aluno desenvolva essa autonomia a partir dos itinerários”. 

Ele explica que tudo começa pelo horizonte da escolha. “O aluno já no Ensino Fundamental, sabendo que no Ensino Médio vai poder escolher a área do conhecimento em que vai se aprofundar, já sente uma necessidade de olhar para si e de pensar no seu projeto de vida, mesmo quando esse projeto ainda não é tão claro. A ideia aqui é refletir sobre qual o significado que essa escolarização tem para si mesmo”, diz Braga. 

O especialista ressalta que é muito importante que desde o Ensino Fundamental, a escola comece a trabalhar isso com o estudante, para que quando ele chegue no ensino médio, tenha mais elementos que o ajudem na decisão.

Os itinerários também exigem que o jovem mobilize conhecimentos, saberes e habilidades para lidar de forma ativa com o mundo, com o conhecimento e consigo mesmo. “É um espaço que é privilegiado para o desenvolvimento da autonomia, não porque alguém declarou ‘agora você é autônomo’, mas as práticas, as metodologias e o tipo de aprendizagem que os itinerários devem promover vão potencializar esse desenvolvimento”, diz. 

Como escolher os itinerários?

Para escolher o itinerário que irá cursar, é importante o aluno entender que essa mudança no Ensino Médio tem como finalidade fazer com que a escola tenha ainda mais sentido, ainda mais significado. Ou seja, que a aprendizagem possa dizer mais respeito a “quem sou eu”, “qual é o meu projeto de vida”, “o que eu quero construir para mim” e “como eu faço isso dia após dia na escola”. 

A dica é o estudante questionar onde está a curiosidade dele. Para isso, vale olhar para trás, analisando a experiência escolar que já tem no Ensino Fundamental, sobretudo nos anos finais. Isso pode ajudar a direcionar o olhar. 

Se a curiosidade maior é entender como as pessoas se relacionam em sociedade, como as tradições e a cultura intervém na formação do indivíduo, por exemplo, é interessante procurar os itinerários formativos que respondam mais essas questões. Ou a curiosidade pode estar em entender como funciona a troca de dados no contexto digital, ou como o conhecimento científico ajuda a compreender a cura para doenças. “Onde está a sua curiosidade? Acho que essa pergunta que deve ser feita para o estudante que vai ingressar no ensino médio. Essa pergunta que cada um deve fazer para si e as respostas que advém disso vão contribuir muito para olhar os itinerários formativos e decidir qual o caminho que será seguido naquele momento”, diz. 

E Braga ressalta também que não precisa ser uma escolha irreversível. “Até porque, na vida, poucas escolhas são assim. Nesse campo do conhecimento, no campo das relações pessoais, no campo do trabalho, muitas vezes, a gente precisa reavaliar uma escolha, voltar atrás, escolher diferente e nos itinerários não é diferente disso. A curiosidade pode estar em algumas questões e, daqui a 1 ano, ele se tornou outra pessoa – e tudo bem. A vida é assim. A gente vai aprender a fazer escolhas, a lidar com elas, voltar atrás… escolhendo, não tem outro caminho para isso.”

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