Uma letra considerada bonita ou feia não influencia nos estudos da criança ou do adolescente
A letra cursiva possui um valor cultural forte, principalmente entre as famílias com filhos na idade entre seis e dez anos, período que corresponde às séries iniciais do Ensino Fundamental. Nesses anos, também ocorre o processo de alfabetização, que coincide com as aulas de aprimoramento da caligrafia.
“Logo, no inconsciente de muitas famílias, aprender a ler e a escrever ocorre em letra de mão, ou cursiva”, explica Cristina Tempesta, assessora pedagógica do Sistema Anglo.
Alfabetização em letra de forma
“A letra de forma é comprovadamente o traçado mais propício para uma criança não alfabetizada aprender a ler e a escrever, uma vez que permite a visualização de onde começa e termina cada letra grafada. Isso não acontece na letra cursiva, onde as letras vão se entrelaçando”, afirma Cristina.
No entanto, mesmo com os filhos alfabetizados, muitas famílias ficam aflitas com uma questão: quando ele aprenderá a letra cursiva? Por ser o formato mais utilizado em ambientes acadêmicos e corporativos, existe essa pressão para ver a criança dando esse passo – o que, segundo a profissional, não é necessário.
O desenvolvimento da letra cursiva
“Apesar de toda essa ansiedade social para que o filho escreva em letra cursiva, o cuidado com esse tipo de traçado dura apenas até o início das séries finais do Ensino Fundamental. Do 6º ano em diante, a preocupação passa a ser com a legibilidade, seja em letra de forma ou cursiva. O que importa mesmo é que o texto do aluno seja legível para o seu leitor”, diz a profissional.
A letra impacta os estudos?
“Não tem qualquer relação entre o traçado da letra e o modo como pensamos, construímos conhecimento, registramos informações, ideias e opiniões. Em um grupo de alunos em que alguns estudam registrando com letra de forma, outros de cursiva, ou ainda em script, um aluno não aprenderá mais ou menos por conta do traçado.”
Logo, os pais podem ficar tranquilos se os filhos tiverem se adaptado a uma caligrafia que não seja a cursiva. Desde que professores e avaliadores consigam lê-la, isso não será um problema para os estudos.
Não se deve valorizar mais a letra do que o aprendizado
“Um adulto, professor ou família, que coloque a exigência do traçado da letra cursiva acima do valor do desenvolvimento do pensamento e da aprendizagem, pressionando uma criança ou adolescente que tenha uma letra cursiva pouco legível a ter uma letra ‘bonita’ pode trazer prejuízos à confiança, à autoestima, à predisposição para o registro escrito e aí até prejudicar o estudante”, finaliza Cristina.