Estudantes devem ser capazes de usar de forma responsável e ética as ferramentas tecnológicas e entender os impactos da tecnologia na vida das pessoas
Atualmente, frente ao papel fundamental da tecnologia no mundo contemporâneo, os estudantes devem saber usar os recursos tecnológicos de forma ética e responsável e compreender os seus impactos na sociedade.
Márcio Miranda, autor do Sistema Anglo de Ensino na área de Física, comenta que, cada vez mais, as pessoas vão consumir conteúdos de forma digital. “Então, a escola tem que estar preparada e precisa contribuir para que o aluno tenha esse letramento digital”, afirma. “Nós acessamos o banco pelo celular e temos que ficar atento a fraudes. Também precisamos saber se dá para confiar ou não em uma informação e aprender a verificar a veracidade dela antes de passar adiante”, exemplifica.
Segundo ele, tudo isso forma um repertório que vai sendo construído pelo aluno durante a vida escolar. E, por se tratar de transformações profundas e relativamente recentes, lidar com elas ainda representa um grande desafio para as escolas.
O autor cita que, no Sistema Anglo, na área de Física, há um módulo de itinerário formativo que trata de fake news. Os alunos aprendem a identificar e se certificar de que determinado conteúdo é, de fato, verdadeiro. “Desenvolvemos alguns procedimentos, como olhar a fonte, verificar se está vinculada a uma universidade, ver se tem o nome do autor e se outras fontes trazem informações semelhantes,” explica.
Ele também menciona outras habilidades digitais trabalhadas nas aulas, como situações em que os alunos produzem apresentações em powerpoint e usam o padlet, ferramenta online para registrar e compartilhar conteúdos multimídia.
Tecnologia favorecendo o protagonismo
Coordenador pedagógico do material didático de ensino médio do Anglo, Henrique Braga diz que uma das grandes vantagens do uso de recursos tecnológicos no ambiente escolar é possibilitar novas formas de oferecer conteúdos e informações aos alunos. Isso permite o desenvolvimento de novas habilidades e de uma postura mais ativa tanto do professor quanto dos estudantes.
Ele dá como exemplo uma videoaula. “Se o professor está disposto a desenvolver nos alunos habilidades próprias do mundo digital, ele não vai fazer com que a aula presencial repita ou entre em competição com o vídeo”, aponta. “Ele pode, a partir desse conteúdo que está disponível, pedir aos alunos que assistam ao vídeo e anotem suas dúvidas. Posteriormente, em sala de aula, ele pode propor uma discussão em torno do tema”. De acordo com ele, esse é um tipo de encaminhamento que permite um outro nível de aprofundamento e discussão.
Henrique acrescenta que a disponibilidade de recursos tecnológicos promove novas habilidades e novas práticas, que não servem apenas para o universo escolar, mas para outras esferas da vida, como o mercado de trabalho e vida doméstica. Esse aprendizado com os vídeos tutoriais que as pessoas assistem para fazer uma receita ou consertar um equipamento, por exemplo, exige um outro tipo de comportamento. “As pessoas se questionam: ‘Será que essa fonte aqui é mais confiável que a outra? Esse é o melhor vídeo sobre um determinado assunto? Será que eu posso confiar no aprendizado que está sendo oferecido aqui?’ É esse senso crítico que precisamos promover nos alunos.”
Para ele, saber lidar com essa gama de conteúdos, apropriando-se das informações corretas e mais relevantes, é algo que a realidade do século XXI exige de todos. “É importante que o material didático dê recursos para que professores possam ajudar os alunos a desenvolverem habilidades digitais para navegar nesse mundo mais complexo que a gente vive”, finaliza.