As diferentes formas de arte estimulam a criatividade e a criticidade e ampliam o repertório cultural, contribuindo para a formação integral dos estudantes
No cenário global do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) que, em 2022, considerou também o pensamento criativo, a criatividade dos alunos brasileiros de 15 anos é uma das mais baixas do mundo — 54,3% dos jovens ficaram aquém do nível considerado adequado. A pesquisa avaliou se os estudantes possuem soluções originais para um problema, se têm imaginação para criar histórias e se são capazes de apresentar uma nova ideia usando a escrita.
Nesse contexto, as aulas de artes, quando bem estruturadas, podem ser um espaço para o desenvolvimento do pensamento criativo dos alunos, por meio de diversas linguagens artísticas, como música, teatro, dança, artes visuais e literatura.
“Você pode olhar o mundo numa perspectiva pragmática por meio da ciência e da técnica. E você pode olhar o mundo também por meio da arte, numa perspectiva mais sensível e interpretativa”, aponta Maurício Soares, professor de literatura do Curso Anglo.
Segundo ele, introduzir o estudo e a reflexão sobre as artes desde cedo permite o desenvolvimento de um olhar crítico e uma compreensão individual de obras e expressões artísticas, o que é essencial para uma educação de qualidade e para a formação integral dos alunos.
“As artes, a literatura e a filosofia têm o papel, dentro do currículo escolar, de desenvolver habilidades socioemocionais e de proporcionar aos estudantes perspectivas e sentimentos que outras disciplinas não exploram”, destaca.
Ele diz que elas se dedicam à exploração da razão e do sentimento humano por meio de expressões criativas. “Esse contato permite aos alunos perceberem essas formas de expressão como oportunidades para dialogar com o mundo e com suas responsabilidades e emoções.”
A relação das artes com outras disciplinas
Para Maurício, a inclusão das diferentes formas de artes é fundamental para o desenvolvimento pleno do indivíduo, uma vez que as habilidades cultivadas no contato com a arte se expandem e se ramificam para outros campos do conhecimento. “Existe a possibilidade de outras disciplinas utilizarem obras de arte como ponto de partida para determinadas reflexões.”
Na química, por exemplo, ao discutir o restauro de obras e monumentos, o tema está diretamente relacionado à valorização do patrimônio histórico e à busca por caminhos de preservação da cultura.
“Essas ramificações devem-se justamente à quantidade e à variedade de gêneros e de expressões, não só na arte contemporânea, mas na história da arte como um todo”, explica o professor.
Estratégias para incluir as artes na educação
Uma solução direta e prática para integrar o assunto na grade escolar é oferecer uma aula semanal dedicada à leitura, o que ajuda a desenvolver habilidades de escrita e de comunicação.
“Se possível, criar um ambiente específico, como uma sala de leitura para promover a troca de ideias, rodas de conversa e comentários sobre eventuais apresentações às quais os estudantes são expostos”, acrescenta.
Outra estratégia simples e eficaz inclui visitas a museus públicos, muitos deles com entrada gratuita e acervo diversificado. “Essas visitas enriquecem o aprendizado dos alunos e os aproximam das artes, muitas vezes percebidas como distante por eles.”
Mauricio ressalta os benefícios de inserir artes na educação:
- Ajudar a lidar com o estresse ao proporcionar calma e relaxamento;
- Estimular o desenvolvimento do senso crítico;
- Ampliar o repertório cultural;
- Possibilitar o contato com diversas expressões culturais e étnicas;
- Facilitar a integração das artes com outras áreas do conhecimento;
- Promover uma nova perspectiva de mundo;
- Desenvolver habilidades socioemocionais.
“Assim, as artes, em suas diversas modalidades, cultivam um espírito investigativo, curioso e questionador sobre os diferentes modos de expressão, promovendo o desenvolvimento criativo e emocional dos estudantes”, resume o professor.