A necessidade de um ambiente de trabalho diversificado e plural, que abrace todas as diferenças, foi tema do 1º Anglo–Debate Sobre Diversidade no Mercado de Trabalho, realizado pelo Anglo Vestibulares, em São Paulo. Os estudantes ocuparam a sala de aula da unidade Tamandaré para dialogar sobre representatividade junto a profissionais que já vivem a realidade das empresas.
“A diversidade possibilita construir melhores relacionamentos, assim como atrair e descobrir talentos. Além disso, proporciona horizontes mais amplos e novas perspectivas durante a tomada de decisões”, diz o economista Pablo Nazé, gerente de produto na 99 e organizador do 99Cores, grupo LGBT da empresa. Durante a atividade, ele ainda reforçou estudos que revelam a melhora dos processos e desempenho de empresas que investem na diversidade, resultando em um maior bem-estar nessas organizações.
Já Felipe Sakamoto, estudante de jornalismo e militante LGBT, ressaltou os dados assombrosos que refletem a realidade no Brasil, seja em número de mortes (o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais), seja em dados de evasão escolar, ou na própria diversidade de empregos. Ele destacou apreensões e dificuldades que fazem parte do dia a dia, desde utilização de sanitários, até uso de nome próprio e nome social.
Presente na roda de debate, o professor e autor de História do Anglo Raphael Tim destacou, entre vários pontos, o problema do racismo contra negros e do pensamento meritocrático nos processos seletivos: “É importante entender que não se trata de uma questão individual, mas sistemática, aliada à lógica de mercado sob a qual vivemos. O esforço individual não é independente de fatores externos.”
Nesse sentido, Sabrina Santo, profissional da área de Recursos Humanos do Anglo e da SOMOS Educação, reiterou como é a importante que os próprios funcionários estejam atentos para o fator da diversidade nos processos seletivos de emprego. Apresentou, inclusive, um vídeo com situações reais de preconceito velado vivido por negros durante o recrutamento de empresas – é o que chamamos de racismo institucional.
“Esse tipo de discussão ajuda tanto no vestibular, com a riqueza de dados e argumentos apresentados, como na conscientização das pessoas sobre o assunto”, disse o estudante Marcelo Ywamoto, do curso extensivo para Medicina, que acompanhou o debate da plateia.
Mulheres na Luta
Camila Achutti, fundadora de duas startups e uma das líderes do movimento por igualdade de gêneros no mercado da tecnologia, marcou presença no Anglo-Debate para falar sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no meio profissional e lembrou da época em que era estudante de Ciência da Computação.
“No começo, quando eu ainda não tinha tanta segurança de mim mesma, levava uma listinha de mulheres responsáveis por grandes feitos na História, só para responder a comentários que me menosprezassem por ser mulher”, disse a também fundadora do blog Mulheres na Computação (https://mulheresnacomputacao.com).
“É importante uma instituição de ensino trazer esse tipo de discussão, afinal, o mundo mudou, ele é bem diferente daquele de dez ou trinta anos atrás. E nós estamos vivendo esta mudança”, diz Lina Alejandra, estudante que pretende cursar Medicina. “Toda instituição de ensino deveria promover esse tipo de ação, independente da finalidade pedagógica, uma vez que envolve educação.”
O coordenador da unidade Tamandaré, Daniel Perry, e o professor de literatura Maurício Soares Filho mediaram o evento e ressaltaram a importância da realização do Anglo-Debate como abertura para discussão de temas pertinentes não só educacionais, mas também relacionados ao dia a dia dos estudantes.