BNCC e novas diretrizes pautaram alterações; alunos ganharam protagonismo e podem optar por disciplinas e módulos de conteúdo
As mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio e pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vão exigir que as escolas realizem algumas alterações na estrutura, na forma e no currículo que oferecem. Uma dessas modificações diz respeito às escolhas de algumas matérias que os alunos terão que fazer, uma vez que não haverá mais uma única possibilidade, como ocorre atualmente.
De olho nessas adaptações, que devem começar a ser feitas em 2020, o parceiro Anglo Colégio Guilherme de Almeida, em Guarulhos (SP), resolveu se antecipar e colocou em prática algumas iniciativas já neste ano. “A ideia era ver se funcionavam e se seriam viáveis do ponto de vista pedagógico, financeiro e administrativo”, afirma Fábio Aviles Gouveia, diretor da escola.
Aviles conta que criou um bloco de matérias que chamou de eletivas, ou seja, não obrigatórias, as quais os alunos poderão escolher ou não. Quando o estudante opta por uma delas, ela deve constar do seu histórico escolar, o que implica também numa mudança administrativa.
Entre essas disciplinas estão Voluntariado, Observatório de Ciências Humanas e Voz em Ação. A primeira trata de um conteúdo muito valorizado para os alunos que querem estudar no exterior e que precisam ter o registro dessa atividade nos documentos escolares. No Observatório, eles debatem temas atuais, com a mediação de um professor. E Voz em Ação desenvolve a habilidade de falar em público. “Nessa disciplina, eles escolhem, junto com o professor, determinados gêneros textuais, fazem adaptações e gravam podcasts para os estudantes de cada nível de ensino – Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio”, diz o diretor.
Além das matérias eletivas, nas disciplinas obrigatórias, como Artes e Laboratório, os alunos também passaram a ter a possibilidade de escolher módulos. Assim, em Artes, eles podem optar por Cinema, Escultura, Intervenção ou Pintura. E as aulas de Laboratório, que anteriormente aconteciam dentro de cada disciplina (Química, Física e Biologia), foram unificadas numa única matéria interdisciplinar, de acordo com a visão integrada de ciência presente na BNCC. “Os professores das três disciplinas dão aulas juntos, e os alunos escolhem os módulos. No primeiro semestre, por exemplo, optam entre Água ou Alimentos; no segundo, entre Corpo humano e Saúde ou Iniciação científica, em que escolhem um tema para fazer experimentos e pesquisas”, explica Aviles. “Anteriormente, eles tinham apenas uma aula dessas disciplinas por semana. Agora são aulas duplas e quinzenalmente”.
Para colocar todas essas mudanças em prática, Aviles diz que foi fundamental se aprofundar nos documentos da BNCC e conversar muito com alunos e professores para ver o que fazia sentido, para só depois implementar. “Eu estou sempre pesquisando e questionando. E, a partir disso, só realoquei e reorganizei o que já tinha — conteúdos, professores e recursos. Com a mesma estrutura, a mesma matriz e sem grandes impactos nos custos, passei a oferecer mais opções e uma escola mais alinhada com a BNCC e que faz mais sentido para os alunos, diz o diretor, que tem percebido maior engajamento dos estudantes e dos professores.
Outro aspecto importante citado por Aviles foi o papel do Sistema Anglo nesse processo, responsável por entregar um bom material e em sintonia com a BNCC. “Só consegui pensar em tudo isso porque tenho um sistema que garante parte da qualidade do trabalho que é feito na escola. Caso contrário, teria que ficar acompanhando de modo muito mais incisivo se os professores estão desenvolvendo ações de qualidade na sala de aula. Com o sistema, posso ficar mais tranquilo em relação a isso”, declara Aviles.