No Colégio Santa Terezinha, em Bady Bassitt (SP), alunos trazem frutas e legumes diariamente para a escola, consomem esses alimentos e fazem links com os estudos
Imagine crianças e adolescentes comendo frutas e legumes dos mais variados tipos e cores, cozidos e crus, como chuchu, milho, cenoura, beterraba, maçã, kiwi e pitaia. Essa cena é real e acontece todos os dias no Colégio Santa Terezinha, escola parceira do Sistema Anglo, em Bady Bassitt, interior de São Paulo. Trata-se do Projeto Vegetais, que existe desde a criação do colégio, há 20 anos, e vem sendo aperfeiçoado ao longo desse tempo.
“O objetivo é proporcionar aos alunos a possibilidade de consumir alimentos de verdade diariamente, mostrar a enorme variedade de opções que existe e estimular a alimentação saudável”, diz Ana Cristina Gândara, diretora do colégio. “Além disso, também usamos esses alimentos para explorar conteúdos pedagógicos”.
A pedido dos professores, os alunos trazem diariamente um legume ou fruta para a escola. Eles são lavados, descascados, cortados ou cozidos e dispostos em bandejas ou em recipientes, de forma organizada e atrativa visualmente, para serem oferecidos para toda a turma no segundo intervalo entre as aulas — no primeiro, os estudantes tomam o lanche normalmente e, no outro, experimentam os vegetais. No caso dos alunos maiores, eles mesmos cuidam dessa preparação.
Antes dos estudantes experimentarem os alimentos, os professores os utilizam para fazer intervenções pedagógicas, de acordo com a série e o conteúdo que os alunos estão estudando. Para as crianças da Educação Infantil, por exemplo, podem ser trabalhadas as características daquele vegetal, como a cor, o tamanho, a forma, o sabor e a textura. Já os alunos do Ensino Fundamental podem analisar o tipo do vegetal, as vitaminas presentes, os benefícios para o organismo e as consequências que a falta daquelas vitaminas pode trazer.
Em alguns momentos, há determinadas especificações, como na semana das cores, em que os estudantes devem trazer vegetais de acordo com a cor estabelecida para cada dia da semana — na segunda-feira, alimentos vermelhos; na terça, roxos; e assim por diante.
O projeto também permite links com outras disciplinas ou conteúdos. A professora de inglês do Infantil, por exemplo, aproveitou para reforçar as cores e nomes das frutas e legumes em inglês. No segundo ano do Fundamental, como as crianças estavam estudando as sementes, trouxeram frutas que tinham essa estrutura.
Uma característica importante do projeto é o envolvimento das famílias, uma vez que elas precisam se comprometer a enviar os alimentos para a escola, principalmente no caso das crianças menores. A maioria dos pais, segundo a diretora, responde muito bem. “Alguns veem uma fruta diferente no mercado, lembram do projeto e mandam para a escola. Outros têm em casa um pé de jabuticaba e nos enviam uma sacola com as frutas”.
Segundo Ana Cristina, a iniciativa traz a possibilidade de transformação familiar e social e permite que o aluno faça conexões com tudo o que está a sua volta, como os impactos que a alimentação produz na saúde das pessoas e na sociedade. “Ao despertar a curiosidade dos estudantes, eles compartilham os conhecimentos que têm sobre o assunto, influenciam mudanças de hábito, trazem um lanche mais saudável de casa e colaboram para a melhoria a alimentação da família de modo geral”, finaliza a diretora.
Diferentes meios, para diferentes públicos.