Proposta é que projeto-piloto comece já neste ano, com a participação de 50 mil estudantes; migração para o novo formato deverá ser concluída em 2026
Em 2020, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o principal meio de acesso ao ensino superior do país, contará com uma grande novidade, segundo o Ministério da Educação (MEC): ele começará a ser aplicado de forma digital. A implantação desse novo formato será feita progressivamente, até 2026, quando deverá estar consolidada e constituir o único modelo de prova.
“Neste primeiro ano, a prova digital será testada com 50 mil candidatos distribuídos por 15 capitais já selecionadas, de todas as regiões do país. No ato da inscrição, o aluno poderá escolher entre fazer a prova digital ou convencional”, explica Guido Parminondi, assessor do Sistema Anglo de Ensino.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo exame, pretende oferecer várias datas para a realização da prova e não um único final de semana, como ocorre atualmente. A ideia é que o candidato faça o agendamento prévio para realizá-la, e a aplicação deverá ser feita em polos, possivelmente em instituições de ensino federais. “Com a mudança, espera-se que a prova tenha mais recursos tecnológicos, como infográficos, vídeos, links, mapas interativos e games”, diz o assessor.
Um ponto positivo dessa mudança, de acordo com Parminondi, é que o governo terá que investir bastante em inclusão digital, promovendo uma revolução na universalização do conhecimento. Isso porque o modelo de exame exige que os candidatos estejam preparados para essa nova realidade digital.
Parminondi cita como outras vantagens maior rapidez na correção e menor custo em comparação ao exame tradicional, pois dispensa despesas com a impressão e a logística de distribuição. “Também permitirá a aplicação de provas diferentes ao mesmo tempo, evitando possíveis fraudes e propiciando diversificação nas datas de realização”, avalia.
Mas, para que isso de fato ocorra, alguns entraves precisarão ser superados. Um deles, na opinião do assessor, é o custo inicial para a montagem de polos tecnológicos aplicadores, que deve ser bastante elevado. Preocupações relacionadas ao desenvolvimento de programas que garantam sigilo, eficiência e que impeçam a fraude também devem ser levadas em consideração.
“Precisamos levar em conta também que mais provas implicam em maior número de questões e que produzir itens com qualidade em grande escala é muito complicado. Basta lembrarmos da crise na elaboração de itens de 2011, quando foram usadas questões no Enem já aplicadas anteriormente em escolas no Ceará”, lembra o assessor.
“Vale destacar, ainda, que a prova não será feita na casa do candidato, nem permitirá o uso da internet durante a resolução”, finaliza Parminondi.