Alunos devem ter metas de estudo factíveis, de acordo com as possibilidades e condições de cada um; ajustes são necessários para evitar ansiedade e frustração
Em tempos de quarentena e de mudança de rotina, os alunos podem ter dificuldade para organizar os estudos e dar conta de todos os conteúdos que precisam dominar para as provas e vestibulares. A orientação é aceitar que essa limitação está dada, por conta da pandemia que estamos vivendo, e tentar criar uma meta possível, de acordo com as possibilidades e condições de cada pessoa.
Para Henrique Braga, autor de português e coordenador pedagógico do Ensino Médio do Sistema Anglo, é importante que o estudante consiga fazer uma avaliação bem realista do quanto essa mudança teve ou não de impacto na sua vida. “Alguns têm dito que estão até rendendo mais. Mas, a maior parte das pessoas teve dificuldade de adaptação. Num contexto em que se espera retração significativa no PIB dos Estados Unidos, a maior potência mundial, seria estranho pensar que um mero mortal não sofreria nenhum efeito.”
Isso não significa, segundo ele, “jogar a toalha” e considerar que não há nada a ser feito, pois esse pensamento traz uma paralisia que não é benéfica. “Em geral, vamos nos localizar num ponto intermediário entre esses extremos — o da pessoa que, milagrosamente, ficou mais produtiva e aquele que acha que o mundo parou.
Um aspecto relevante para se organizar, de acordo com Braga, é tentar entender, de acordo com a dinâmica de cada casa, os horários que são mais tranquilos, pois esses períodos vão permitir maior concentração nos estudos e, consequentemente, maior produtividade. “Em vez de se programar para fazer 40 exercícios de matemática, pode ser melhor reservar um determinado tempo para se dedicar à disciplina”, exemplifica. “E cada um vai ter que lidar com as limitações da sua realidade — como dividir o espaço com as outras pessoas da casa ou a velocidade da internet disponível. “Identificar os limites e tentar achar as brechas possíveis é uma saída mais saudável e menos geradora de ansiedade.”
Para aqueles que não estão em dia com os estudos, a sugestão é colocar foco no conteúdo atual em vez de tentar correr atrás do tempo perdido. Considerando o material do Sistema Anglo, por exemplo, se o aluno está no caderno 2, mas deveria estar no 4, o melhor a fazer é seguir o 4 para não se perder novamente. “Se ele for resgatar o ponto anterior, ele vai perder o atual também e ficar com a impressão de sempre estar devendo e correndo atrás do inalcançável”, ressalta o professor.
Ele explica que muitos assuntos são dados em blocos, que levam para outros. Por exemplo, em língua portuguesa, um bloco é tempos verbais e outro é sintaxe do verbo. “É desejável que os alunos passem por tempos verbais antes de sintaxe, mas não é imprescindível. Então, é melhor colocar foco na programação agora e resgatar conforme for possível. De qualquer forma, o que for essencial vai parecer na revisão do fim do ano”, lembra. “E, se alguns dos conteúdos que ficaram para trás forem pré-requisito para o entendimento de um conteúdo atual, o aluno ainda pode recorrer à plataforma Plurall ou ao plantão de dúvidas.”
Por fim, o professor destaca que é importante o estudante identificar as possíveis perdas que teve e tentar avançar a partir disso, mas considerando as limitações da quarentena e que as metas de estudo que tinha antes da crise talvez não possam continuar sendo a referência. “É preciso saber modular a sensação de dever cumprido em tempos de pandemia. Ela não pode ter a mesma régua de tempos de normalidade”.