Proposta envolve quatro grandes temas — ética e cidadania; democracia; pluralidades e justiça; e sustentabilidade — que serão trabalhados a partir de exemplos da literatura
Em 2021, o novo Ensino Médio do Sistema Anglo irá incluir os chamados itinerários formativos, de acordo com a nova legislação desse nível de ensino e as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “A proposta desses itinerários é aprofundar as aprendizagens que estão na formação geral básica, mas de uma maneira mais livre e até mesmo imprevista, na medida em que os alunos participam de uma forma muito mais ativa desse processo pedagógico”, diz Paulo Giovani de Oliveira, autor e professor de literatura do Anglo.
Nesse contexto, ele aponta que o professor precisa estar cada vez mais aberto para o seu papel de mediador e não de transmissor de conhecimentos. “Ele continua sendo fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Vai transmitir noções, conceitos e orientar, mas a ideia é que os alunos também arregacem as mangas e façam propostas.”
Eixos estruturantes
Oliveira explica que todo esse processo será pautado pelos chamados eixos estruturantes dos itinerários — investigação científica; processos criativos; mediação e intervenção sociocultural; e empreendedorismo.
Em investigação científica, a partir de um tema, os alunos vão tentar aprofundar conceitos e ampliar habilidades relacionadas ao fazer científico. “Em linguagens isso ocorre, por exemplo, ao trabalhar com informações e dados, interpretar textos, saber se posicionar com base em dados científicos e argumentar de maneira fundamentada.”
Em relação aos processos criativos, os itinerários incentivam uma postura na qual os alunos não vão apenas receber informações, mas também criar, aprofundando os conhecimentos e habilidades ligados às artes, à cultura e às mídias.
Em mediação e intervenção sociocultural, os estudantes devem se colocar como cidadãos que participam de uma sociedade que tem desafios políticos, sociais e ambientais, e vão usar suas habilidades e conhecimentos para a resolução de conflitos. “Em relação ao problema das queimadas no Pantanal, por exemplo, eles poderiam realizar uma campanha na internet e trabalhar os elementos linguísticos envolvidos para fazer um cartaz, um manifesto ou qualquer outro tipo de texto.”
O eixo empreendedorismo é voltado à busca da autonomia dos alunos em relação a criar projetos pessoais articulados ao seu projeto de vida. Na área de linguagens, isso se reflete em saber divulgar um projeto pessoal ou de uma empresa ou fazer um texto de apresentação.
Literatura como ponto de partida para debates
Para dar conta desses desafios, o novo material do Anglo para ser trabalhado nos itinerários, ao longo do 1o e do 2o ano do Ensino Médio, está estruturado em quatro eixos temáticos que se desdobram em quatro cursos ao longo desses dois anos: ética e cidadania; democracia; pluralidades e justiça; e sustentabilidade. Cada curso é semestral e dividido em módulos, que podem ser realizados em algumas aulas, de modo que o professor terá autonomia para organizar os conteúdo e discussões como achar melhor. “Uma das marcas dos itinerários é exatamente proporcionar maior maleabilidade e dar espaço para o protagonismo dos alunos.”
Em literatura, o primeiro curso é “Personagens e contornos éticos”, que será trabalhado em vários módulos, buscando exemplos na literatura para tratar de questões como ética e o bem e o mal. “A literatura é um espaço privilegiado para disparar essas discussões. “Vamos falar, por exemplo, sobre o herói, o que o caracteriza, o que é ser herói hoje. A partir disso, abre-se o debate.”
O autor destaca que o material busca oferecer elementos a partir dos quais professores e alunos possam ter discussões ricas e frutíferas. “Isso não impede que os professores apresentem seus textos e reflexões, e ainda permite que ele adeque as questões às demandas das turmas.”