Especialista aponta formas de melhorar o desempenho acadêmico dos filhos
Um estudo realizado a partir do exame Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) demonstrou que o apoio dos pais pode melhorar o desempenho acadêmico dos filhos. Os alunos que afirmaram ter pais interessados em sua vida escolar apresentaram a média de desempenho em ciências de 414,08 pontos, enquanto os filhos de pais sem interesse na escola obtiveram 357,19. De acordo com a pesquisa, a diferença equivale a quase dois anos de estudos entre os dois grupos.
Por isso, os pais e responsáveis devem ficar atentos ao rendimento escolar das crianças e adolescentes. Vinícius de Paula, autor do Sistema Anglo de Ensino, dá algumas dicas de como auxiliar os estudantes em momentos difíceis e como continuar a motivá-los ao longo do ano escolar.
Soluções para um baixo desempenho acadêmico
Quando uma criança ou um adolescente começa a ter problemas de nota, isso pode ser causado por muitas questões, segundo Vinícius. “O mais importante é identificar rápido esse problema para que os pais e a escola possam construir uma série de ações para melhorar o desempenho acadêmico do estudante”.
“A primeira coisa que os pais precisam fazer é iniciar um diálogo”, diz o especialista. Essa conversa deve ser feita primeiramente com o filho e em seguida com a coordenação pedagógica ou orientação de estudos da escola.
Existem alguns motivos pelos quais os estudantes podem apresentar notas baixas em relação aos seus colegas ou à média da instituição. Vinícius dá alguns exemplos:
- Ausência de estudo;
- Estudo por métodos incorretos ou ineficientes;
- Problemas de base, ou seja, falta de conhecimento em assuntos de anos anteriores;
- Questões cognitivas.
“O problema pode ser muito mais intenso ou simplesmente uma falta de estudo”, comenta o professor. “Por isso, é importante a coordenação pedagógica, a orientação da escola e os psicólogos estarem sempre atentos para poder diagnosticar essas questões”.
Como incentivar as crianças e adolescentes a lutarem por notas altas?
O especialista reforça a importância do incentivo por meio do diálogo. Os pais devem explicar as vantagens do estudo e do preparo acadêmico para o futuro do aluno, para os vestibulares, para o mercado de trabalho e para uma vida política adequada e consciente. “Tudo isso deve ser mostrado para o aluno que vale a pena”, diz ele.
Vinícius aponta algumas palavras-chave nessas conversas. São elas:
- Vestibular e faculdade: não é possível entrar em universidades renomadas ou acompanhar a vida acadêmica após o ensino médio sem os conteúdos que a escola proporciona;
- Profissão e mercado de trabalho: alguns conhecimentos adquiridos no colégio podem ser utilizados diariamente em qualquer profissão que a criança ou adolescente escolher;
- Estrutura e base: para adquirir conhecimentos posteriores e entender os assuntos da atualidade, é preciso prestar atenção nas aulas e compreender o máximo de conteúdos possível;
- Justiça social: a formação de cidadãos comprometidos a melhorar a sociedade depende de muito estudo e pesquisas anteriores.
A forma correta de cobrar
Durante as conversas com os filhos, muitos pais podem ficar em dúvida sobre as diferenças entre uma cobrança excessiva e uma exigência natural ou necessária. Afinal, deve-se exigir notas altas ou apenas acima da média? Onde traçar o limite entre uma demanda tóxica e uma saudável?
De acordo com Vinícius, os pais devem cobrar atitudes dos filhos, e não notas. “Os pais devem cobrar comprometimento e estudo, as notas vão vir a reboque”, afirma. “Cobrar nota, especificamente, pode se transformar numa pressão desnecessária”. Ele diz que os pais devem estar sempre próximos, acompanhando o cotidiano, as horas de estudo, as tarefas e a postura em sala de aula – a nota deve ser um resultado disso tudo.
“Muitas vezes, uma nota baixa vai ser justificada não por questões acadêmicas, mas por um momento de ansiedade, por um medo de tirar nota baixa ou por um excesso de cobrança”, comenta o especialista. “Então, é muito importante que o aluno se sinta sempre acolhido no que diz respeito aos seus processos acadêmicos, pedagógicos, de crescimento e de aprendizado”.
Porém, ele reforça que não se pode confundir acolhimento com permissividade. “Exigir estudo e postura também é acolhedor”, afirma. “Acolher é exigir que o aluno faça as tarefas e as provas, que seja educado com os professores e com os colegas e que se comprometa naquilo que precisa.” A permissividade também pode ser ruim para o adolescente.