Escola do interior de São Paulo faz trabalho voluntário no Vale do Jequitinhonha

O projeto acontece há 18 anos e são realizadas tanto atividades lúdicas como instruções acerca de doenças

O “Projeto Jequitinhonha” teve início no ano 2000, no Colégio John Kennedy de Pirassununga (SP), com o intuito de ajudar a população carente do Vale do Jequitinhonha – região de Minas Gerais conhecida pela pobreza. O trabalho voluntário é realizado por meio de uma viagem ao local uma vez ao ano.

O ponto central do projeto é o contato com a população local, a troca de cultura, visando acolher e levar conhecimento. Dessa forma, os participantes promovem atividades lúdicas para crianças e as ensinam sobre higiene básica; com os adolescentes, há o desenvolvimento de temas como: drogas, sexualidade, integração na sociedade e autoestima; já para os adultos o foco é na saúde, por isso o grupo ministra palestras sobre câncer de colo de útero, câncer de mama, câncer de próstata, diabetes e hipertensão.

Os voluntários passam por um treinamento de um ano até que estejam aptos a viajar. A formação é necessária já que para executar o projeto com qualidade é preciso de maturidade emocional, compromisso e conhecimento técnico. Dessa forma, a cada quinze dias há uma reunião de preparação. São nesses encontros que os participantes assistem às palestras de psicólogos, médicos e dentistas – a fim de adquirir o conhecimento que mais tarde irão transmitir – e também colocam a mão na massa, como por exemplo na montagem de kits de higiene.

O colégio John Kennedy dá a oportunidade para que alunos, ex-alunos, jovens de outras escolas e até adultos participem do projeto. No início da preparação, são em torno de cem pessoas interessadas na viagem para, no máximo, 42 vagas. A seleção é feita conforme o envolvimento nas atividades ao longo do ano.

Os 30 alunos acompanhados de 12 adultos enfrentam uma viagem de 24h para percorrer cerca de 1,5 mil km até o Vale do Jequitinhonha. A experiência vale a pena: “A população nos acolhe de tal modo, com um jeito de ser caloroso, amoroso. Uma vez, estávamos voltando de uma atividade, quando uma senhora idosa nos convidou para tomar um café sem mesmo nos conhecer. É típico deles, essa abertura, essa generosidade”, conta o coordenador do projeto desde 2014, Wilson Roberto Saulino.

 

A cultura é um dos pontos marcantes da viagem, já que o povo local apresenta danças, corais, quadrilhas e músicas típicas para os visitantes. O contato com pessoas de costumes diferentes e o compromisso com o projeto gera um impacto positivo: “Os alunos voltam outros, de pensamentos e atitudes. Os pais me perguntam: ´O que você fez com o meu filho? Agora ele não reclama mais da comida e arruma a cama”, acrescenta Saulino, que vê grande amadurecimento por parte dos jovens após a viagem. Durante o projeto, os estudantes são responsáveis por cuidar do próprio espaço, lavar as roupas, além de estarem comprometidos com a causa.

No ano passado, o Projeto Jequitinhonha beneficiou 1.197 crianças, 325 mulheres e 460 jovens e adolescentes por meio das atividades propostas. E o trabalho continua. O Colégio John Kennedy se prepara para mais um encontro de culturas e trocas com o povo do Jequitinhonha no mês de julho.

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