Educador comenta como escolas e professores podem construir um ambiente antirracista na sala de aula
O racismo infelizmente existe em nossa sociedade e, consequentemente, nas escolas. Ignorá-lo não fará com que ele deixe de existir. Segundo Renê Araújo, autor de Sociologia do Sistema Anglo, as escolas que têm consciência da sua responsabilidade e da sua importância em combatê-lo precisam reconhecer, analisar e enfrentar essa questão abertamente.
“Construir um ambiente antirracista exige um trabalho coletivo, elaborado pela gestão, pelos professores e pelos alunos. É importante que todos estejam atentos às práticas e discursos que possam reproduzir o racismo, pois muitas vezes naturalizamos ações que, em um primeiro momento, podem não parecer racistas, mas são”, afirma o autor.
Assim, um ambiente antirracista se dá através de uma conscientização permanente de reflexões, diálogos e ações que produzam múltiplos entendimentos sobre um problema complexo; e de diferentes processos de escuta e sensibilização. “Um ambiente antirracista também dá voz aqueles que são alvo da discriminação e da violência racial, viabilizando trocas de conhecimentos e experiências que fortaleçam a luta antirracista.”
Além disso, é necessário o cumprimento da Lei 11.645/08, que institui o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e privadas do Brasil, durante o Ensino Fundamental e Médio. Essa lei, ainda não respeitada e cumprida por muitas escolas, segundo Araújo, é uma conquista importante do movimento negro e da sociedade brasileira na luta contra o racismo.
Atividades que professores podem elaborar
“Os professores são importantíssimos nesse processo, pois eles possuem inúmeras formas de mobilizar os alunos com diferentes tipos de atividades que permitam romper com preconceitos naturalizados”, afirma o especialista. Recursos audiovisuais, por exemplo, podem estimular a reflexão e a sensibilização da comunidade escolar. Atividades interdisciplinares também apresentam um grande potencial para ampliar as práticas antirracistas nas escolas.
“Outra prática muito enriquecedora seria trazer para o cotidiano da escola autores, cientistas, artistas, figuras negras que rompam o padrão da branquitude, permitindo que os alunos tenham novas referências e ressignifiquem a imagem dos povos historicamente excluídos e inferiorizados pela lógica dominante eurocêntrica”, completa o especialista.