Sem duvidar da própria competência, o profissional precisa identificar a razão para os estudantes estarem desmotivados e rever os próprios métodos de ensino
O ambiente da sala de aula pode ser muito particular. O que funciona com uma turma, às vezes, não funciona com outra. Levando isso em consideração, os professores devem estar atentos ao índice de engajamento em cada classe e, quando necessário, buscar meios de renovar o interesse dos estudantes pelo conteúdo.
Sinais de que os estudantes estão desinteressados
O desinteresse, ou a desmotivação, dos estudantes em relação à aula pode se manifestar de maneiras distintas, a depender da turma. Raphael Tim, autor de história do Sistema Anglo, separou sinais que indicam que os alunos não estão engajados com o conteúdo trabalhado em sala:
1- participar cada vez menos das atividades propostas em aula;
2- gradativamente deixar de realizar as tarefas de casa;
3- distraírem-se com maior facilidade durante a aula, seja conversando uns com os outros seja realizando alguma outra atividade que lhes soa mais interessante que a aula;
4- não se preocupar em tentar recuperar o conteúdo perdido em aulas que estiveram ausentes;
5- não demonstrar maiores preocupações com notas baixas nas atividades avaliativas;
6- em alguns casos, há posturas mais agressivas perante o professor, como situações de enfrentamento de autoridade;
7- desinteresse decorrente do fato do aluno não estar entendendo o conteúdo.
Nesse último caso, quando a desmotivação ocorre pelo não entendimento da matéria, agir o quanto antes é fundamental. Quanto maior for o acúmulo de temas não entendidos, maior o desafio de captar a atenção do estudante.
O que os professores podem fazer
Quando perceberem que os estudantes não estão mais focados na aula, os profissionais precisam tomar ações estratégicas, visando reverter a situação e renovar o interesse da turma. Pensando nisso, Raphael Tim separou 5 dicas para os professores:
1- Avalie e reavalie as estratégias pedagógicas de suas aulas
Não há uma solução definitiva para resgatar o interesse dos estudantes, mas o primeiro passo é reconhecer que algo está impedindo a aprendizagem planejada. Portanto, o professor deve, constantemente, avaliar e reavaliar suas estratégias pedagógicas, sabendo que adaptações podem ser necessárias.
2- Converse com suas turmas e investigue o perfil predominante nos alunos
Para identificar o que está gerando a desmotivação, uma conversa com as salas é essencial. Esse momento pode acontecer durante a aula, de maneira descontraída, fazendo com que a turma se sinta confortável para expor suas expectativas de aprendizagem. “Não se trata de acatar a qualquer coisa que os alunos demandam, mas de observar o que pode ser aproveitado a partir do momento em que a comunicação com a turma foi ampliada e eles se sentem participando da construção do curso (e não apenas expectadores).”
3- Converse com os demais colegas da equipe docente
“Também pode ser muito útil que o professor converse com os demais colegas da equipe para tentar entender se a desmotivação está sendo notada somente nas suas aulas ou se é uma característica predominante daquela turma específica”, explica. Essas conversas são um campo para trocas de estratégias pedagógicas e permitem que todos conheçam melhor os estudantes, encontrando meios para novas abordagens, se preciso.
4- Converse com a coordenação pedagógica da escola
“Muitas vezes a coordenação pode contribuir com dados e outros elementos a respeito da turma que, até então, não eram de pleno conhecimento do professor”, comenta o profissional. O resultado será um olhar mais abrangente sobre cada uma das salas.
5- Não duvide da sua própria competência profissional
“A aula de um professor ocupa apenas poucos minutos da semana de um adolescente. Ocorre uma infinidade de outras coisas na vida desse estudante (dentro e fora da escola) que podem contribuir para que ele não se sinta interessado pelos temas trabalhados em aula. E isso foge totalmente ao controle do professor (que nunca pode se ver como o único responsável em resgatar o interesse dos alunos)”, comenta Tim.
O papel de um professor é extremamente importante, mas ele deve considerar que o engajamento e interesse não envolve apenas a sua aula. Portanto, nenhuma espécie de “culpa” deve ser internalizada, e a situação pode ser encarada como um desafio, que exige renovações.