Carlos Marmo, autor do Sistema Anglo, analisa como a transformação digital está moldando os métodos de aprendizado e as oportunidades de emprego
É inegável o impacto da tecnologia nos campos da educação e do mercado de trabalho. Além de facilitar e ampliar o acesso à informação, a transformação digital abre a possibilidade de personalizar o processo de ensino-aprendizagem, por meio de plataformas que oferecem conteúdo sob medida, exercícios adaptativos e feedbacks em tempo real, permitindo que os estudantes progridam de acordo com o seu próprio ritmo.
Outra possibilidade interessante é o uso de ferramentas de aprendizado colaborativo, nas quais estudantes e professores trabalhem juntos independentemente de sua localização geográfica, preparando os jovens para um ambiente de trabalho cada vez mais globalizado e que exige desenvolvimento e aprimoramento contínuo de habilidades digitais.
Diante desse cenário, Carlos Marmo, autor do Sistema Anglo, destaca a importância de as escolas integrarem a tecnologia ao currículo e capacitarem seus professores para utilizarem os recursos digitais que lhes são oferecidos, adaptando-as de maneira eficaz às suas necessidades e de seus alunos. “A transformação digital que estamos vivenciando tem a possibilidade de promover uma série de benefícios, se for pensada com intencionalidade e senso crítico”, analisa.
Porém, existem desafios…
Se por um lado a evolução da tecnologia traz facilidades, antes inimagináveis, a nova realidade também gera uma série de desafios éticos, legais e sociais que precisam ser abordados por toda a sociedade. Segundo Marmo, a educação é uma das áreas de maior complexidade de aplicação da tecnologia e que requer maior atenção, cuidado e responsabilidade.
Para exemplificar, Marmo cita a recente reavaliação da estratégia de digitalização integral da educação da Suécia, uma das nações mais ricas e de melhor qualidade de vida em todo o mundo. O país, que a partir da década de 1990 passou implementar uma educação 100% digital, voltou atrás, decidindo reinvestir na distribuição de livros didáticos impressos. Essa decisão ocorreu depois que o governo sueco detectou que a utilização massiva de tablets e computadores para o estudo contribuiu para uma redução no desempenho cognitivo das crianças, entre outras repercussões.
“O caso sueco evidencia que a utilização da tecnologia na prática pedagógica, apesar de imprescindível e mesmo inevitável, deve ser feita com cautela, sem provocar revoluções”, analisa Marmo. Ele acrescenta que é preciso trazer para as escolas discussões abertas sobre os impactos da tecnologia, regulamentações e diretrizes éticas, exigindo transparência do Estado e das organizações digitais. Além de pensar em boas práticas de segurança cibernética e sistemas de segurança digital mais robustos.
Como a escola deve acompanhar a transformação digital e preparar os jovens para o mercado de trabalho
Com todos os cuidados já citados acima, Marmo defende que a escola deve usar a tecnologia não apenas para aprimorar os métodos de aprendizagem, mas também para preparar os estudantes para o mercado de trabalho, que segue uma lógica digital de constante mudança.
Ao mesmo tempo em que carreiras estão sendo extintas, existe a criação e ampliação de novas frentes de trabalho. “A evolução tecnológica exige que os trabalhadores atualizem suas habilidades e competências continuamente”, diz o especialista, que ressalta a importância de programas de reciclagem e requalificação profissional em muitos ramos.
Desde a escola, portanto, os jovens precisam estar familiarizados a uma cultura de aprendizado e formação contínua e de autodidatismo. Isso vai fazer a diferença no futuro!