Como estabelecer uma comunicação efetiva com os filhos?

Transparência e coerência são os principais elementos durante a comunicação com os filhos, segundo especialista 

A comunicação é a base de qualquer relação social. Isso vale para amigos, pares românticos, colegas de escola e também para o núcleo familiar. Mas nem toda comunicação é efetiva — em muitos casos, ela pode ser violenta, ambígua ou não clara o suficiente. Por isso, os pais precisam encontrar estratégias para construir uma ponte forte com os filhos por meio do diálogo. 

Carol Lyra, diretora do Anglo Sorocaba, diz que é importante agir de acordo com o que é falado. “Não tem isso de ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. As crianças e jovens aprendem pelo exemplo. Quando somos pai e mãe, nos tornamos pessoas melhores, porque sabemos que nossos filhos nos imitam”. 

Como os pais podem melhorar a comunicação com os filhos? 

A especialista acredita que as coisas mais importantes da comunicação dos pais com os filhos é a transparência e a coerência. “Nunca se deve conversar com a criança ou com adolescente ameaçando coisas que você não vai cumprir depois”. 

Frases como ‘se você não fizer isso, eu vou tirar o chocolate’ ou ‘se você não fizer aquilo, vou tirar o celular’ devem ser evitadas. “As crianças e os jovens têm que entender a importância das coisas, o porquê de os pais quererem que eles façam algo. Eles não devem fazer porque estão sendo ameaçados de perder aquilo que gostam”. 

Segundo Carol, esse tipo de conversa pautada na ameaça é uma comunicação violenta. “Sempre falamos da importância da comunicação não violenta, que é uma comunicação onde a gente usa a lógica, a inteligência, a afetividade”. 

Além das ameaças, fazer afirmações como ‘se você for bem na prova, eu vou te dar o iPhone 15’ também são prejudiciais. “Você está, na verdade, subornando o seu filho”, diz a diretora. “Ele tem que ir bem na prova porque é importante. Não pode ser coagido por suborno”. 

Desafios comuns na comunicação familiar 

A especialista pensa que o maior desafio é conseguir praticar a autoridade e a comunicação não violenta. “Autoritarismo é muito diferente de autoridade”, diz ela. Os filhos respeitam, admiram e entendem o que a autoridade está falando. No autoritarismo, existe a imposição, fazendo a criança ou jovem engolir o que o adulto está mandando, sem explicações. 

“As crianças e jovens são inteligentes e merecem ser tratados como tal”, afirma. “A gente não quer um burro obediente, queremos que eles entendam o porquê estamos falando e concordem com a gente”. Mesmo com a correria e o cansaço do dia a dia, é preciso manter a delicadeza, explicando em detalhes até o que parece óbvio. 

O outro grande desafio, de acordo com Carol, são as redes sociais e serviços de streaming. “Esse grande acesso à informação, coisa que a geração dos pais não teve, faz com que os jovens tenham mais argumentos”, comenta. “Eles estão vendo mais exemplos do que a gente viu na nossa juventude, na nossa adolescência. E isso os torna mais questionadores” 

Os pais devem saber utilizar essa característica a favor, e não contra eles. “Um jovem que vê outros valores, entende e nos questiona é um exercício para demonstrarmos o porquê de nossos valores serem importantes. Isso até amplia a conversa entre os pais e os filhos, trazendo para a mesa do jantar, por exemplo”. 

Benefícios a longo prazo 

Uma comunicação efetiva contribui para a construção de relacionamentos saudáveis e abertos na vida das crianças e adolescentes. Isso tem a ver com a forma que os pais conversam com os filhos nas diferentes situações. 

Carol ilustra com um exemplo de sua família. “Uma coisa que para mim é muito forte, eu que tenho uma filha mulher, é que o pai dela consegue conversar com ela sem levantar o tom de voz, sem usar palavras que sejam agressivas. Porque ela não pode entender que, em nome do amor, ele pode falar com ela desse jeito”. 

Uma comunicação violenta passa o recado de que um relacionamento abusivo é tolerável em nome do amor. “Uma menina que aprende a conversar com seu pai gritando e ameaçando, com uma linguagem agressiva e violenta, se a mesma coisa acontecer com seus namorados e seu marido, ela vai achar que é normal, que homens se comunicam desta forma”. Um relacionamento saudável entre a criança e seus pais reflete em relacionamentos saudáveis no futuro. 

Escreva um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *