É importante a colaboração entre família, escola e profissionais de saúde para o desenvolvimento da criança e do adolescente
As dificuldades de aprendizagem muitas vezes não se originam na escola, mas acompanham a criança desde o nascimento. Por isso, é essencial tomar alguns cuidados, pois a percepção rápida de que há algo a ser investigado e tratado pode prevenir ou minimizar questões relacionadas à aprendizagem escolar.
“De forma simples, há dois tipos de problemas: os decorrentes de algum comprometimento no substrato biológico das crianças e problemas emocionais, desencadeados nas relações familiares ou mesmo na escola”, explica Cristina Tempesta, autora do Sistema Anglo de Ensino e diretora pedagógica do Grupo Atmo.
Segundo ela, para se adotar ações preventivas para essas questões, a escolha de um bom pediatra é fundamental. Esse profissional deve ser visitado mensalmente ao longo do 1º ano de vida da criança, para que ele possa acompanhar e orientar a família sobre os marcos importantes do desenvolvimento físico e emocional.
“Essa disciplina da consulta mensal é essencial para descobertas precoces de problemas tratáveis”, ressalta. “Infelizmente, muitas famílias só procuram o médico em caso de doença e ainda trocam de profissional frequentemente, ou seja, não existe um especialista olhando para o desenvolvimento da criança ao longo dos primeiros anos de vida”, acrescenta.
A partir dos dois anos, as visitas podem ocorrer a cada dois meses e, a partir dos três anos, pelo menos a cada três meses. Nesses primeiros anos, o pediatra orienta a família sobre as fases importantes do desenvolvimento, como sustentar a cabeça, ouvir, sorrir, pegar objetos, engatinhar, falar e andar, entre outros.
“É um período importante de aprendizado da criança e um momento fundamental de observação dos pais, para isso, o tempo de qualidade que eles passam com os filhos é essencial”, destaca. “Não basta ficar junto, é preciso ter um olhar atento e criterioso o tempo todo, pois sinais importantes de algum comprometimento podem ser percebidos e tratados.”
Como identificar sinais precoces de dificuldades de aprendizagem?
A criança aprende não apenas na escola, mas em todas as suas interações no dia a dia. Entretanto, na escola, o aprendizado é intencional e estruturado, focando no desenvolvimento de habilidades e competências específicas.
Além disso, a escola promove a convivência social, proporcionando a primeira socialização além da família, por meio de relações com colegas, professores e outros profissionais. Esse ambiente também oferece aprendizado em atividades físicas, artísticas, culturais e linguísticas.
“Se, nessa rotina intensa, algo começa a gerar estranheza na família ou na escola, como choro excessivo, recusa em ir à escola e mudanças de humor ou de apetite na volta para casa, isso pode indicar que algo não está bem”, aponta Cristina.
O primeiro passo nessa situação é conversar com a escola sobre a mudança de comportamento da criança, para que juntos vejam se é o caso de buscar um especialista para fazer uma avaliação.
A escola tem profissionais que podem orientar a busca por psicólogos, neuropediatras, fonoaudiólogos, psiquiatras, terapeutas, psicopedagogos e pedagogos. De acordo com Cristina, o pediatra, que conhece a criança há anos, também é importante nesse processo, ajudando a identificar o problema e a indicar o profissional adequado.
“O objetivo é sempre tornar a escola um ambiente acolhedor, pois é lá que as crianças e adolescentes passam a maior parte de seus dias ao longo dos anos. Por isso, o espaço escolar não deve ser uma fonte de desconforto”, salienta.
Escolher uma escola que atenda às necessidades da criança
Depois de identificar os sinais, investigar e confirmar um diagnóstico, é o momento de a escola e a família trabalharem juntas para resolver ou minimizar o problema. Por isso, escolher uma escola que esteja alinhada com os princípios e os valores da família é essencial para garantir um apoio adequado.
“Muitas vezes, problemas surgem quando a escola é escolhida sem critérios claros, levando a conflitos entre família e instituição. Portanto, uma escolha acertada permite uma colaboração eficaz entre educadores e família para dar o suporte necessário”, indica a diretora.
“Para ajudar em casos de dificuldades de aprendizagem específicas, considerar a possibilidade de mudar de escola para encontrar uma que ofereça uma abordagem mais adequada às necessidades da criança é uma das opções a ser considerada.”
Colaboração entre família e escola
Após o diagnóstico estabelecido e os especialistas escolhidos, bem como a decisão sobre a permanência ou mudança de escola, é necessário determinar o tipo de suporte necessário para o desenvolvimento contínuo do aluno. Nesse ponto, a família pode contar com a orientação da direção, coordenação pedagógica e orientação educacional da escola.
Em certos casos, pode ser necessário também um tutor para acompanhar a rotina escolar — esse profissional deve ser contratado pela escola. Outros profissionais especializados também poderão oferecer suporte individualizado à criança ou ao adolescente. Neste caso, a seleção desses especialistas e o acompanhamento de suas atividades são de responsabilidade da família.