Desenvolvimento de competências socioemocionais pelos professores tem consequências positivas no ambiente escolar e na aprendizagem dos alunos
As soft skills, ou competências socioemocionais, dizem respeito a habilidades como empatia, respeito, entusiasmo, assertividade, confiança, foco, determinação e responsabilidade. Elas são importantes para todas as pessoas e profissionais, mas, no caso dos professores, ganham ainda mais relevância.
“Se o professor precisa estimular o aluno a desenvolver todas essas habilidades, a primeira coisa que ele necessita é possuir essas competências”, diz Eduardo Calbucci, autor de língua portuguesa e sociologia do Sistema Anglo. Ele conta que há estudos que mostram que o desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos professores tem um impacto significativo no ambiente escolar e, por extensão, no aprendizado dos alunos.
Além disso, como o processo de ensino e aprendizagem é algo que depende em grande parte da relação estabelecida entre professor e estudantes, o papel das emoções é fundamental. “O trabalho do professor deve envolver iniciativa social, assertividade, entusiasmo, empatia, respeito e confiança. São fatores importantes porque sabemos que essas posturas colaborativas criam um ambiente mais harmônico, e a sala de aula precisa ser um desses espaços.”
Entre outras competências essenciais para atuação do docente, Calbucci destaca a curiosidade e a resiliência. “O processo de aprendizado é um processo de estímulo à curiosidade, e o professor curioso está permanentemente em processo de aprendizado. Já a resiliência é a combinação de determinação, persistência, modulação do medo, da raiva e da tristeza e, principalmente, criatividade — a capacidade de encontrar soluções novas para um problema.” Ele também cita a flexibilidade, que foi fundamental no contexto da pandemia, em que os professores foram obrigados a se reinventar, e saber lidar com o tempo, o que também requer responsabilidade e organização.
O autor ressalta ainda que as habilidades cognitivas e socioemocionais que adquirimos ao longo da vida se influenciam mutuamente, e que as competências socioemocionais são preditoras de sucesso pessoal e profissional. “As pessoas que têm um grau de desenvolvimento elevado dessas habilidades têm muito mais chance de serem profissionais reconhecidos e pessoas mais completas e mais felizes”.
Segundo Calbucci, a boa notícia é que, embora possa haver um componente nato nessas competências, ou seja, algumas pessoas podem ter mais facilidade para desenvolvê-las do que outras, de alguma forma, todas essas habilidades podem ser aprendidas e estimuladas ao longo da vida.
É possível desenvolvê-las em cursos com especialistas, como psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos e pedagogos, mas elas também podem ser aprendidas em contextos informais. “Uma pessoa pode perceber por ela mesma que ela está tentando lidar com um problema sempre da mesma forma e não está obtendo o resultado desejado. Assim, um estado permanente de vigilância pode ser uma estratégia para desenvolver essas habilidades”, afirma.