Como um novo idioma ajuda no desenvolvimento cognitivo do estudante?

A neurociência ajudou a entender como o cérebro bilíngue funciona e todas as vantagens cognitivas de um indivíduo bilíngue

Ao aprender uma outra língua, ocorre um desenvolvimento cognitivo crucial, especialmente em crianças, segundo Louise Potter, autora de inglês do Sistema Anglo. “Há estudos que demonstram que os indivíduos que falam mais de uma língua podem apresentar habilidades cognitivas acima da média.”

Com o desenvolvimento de aparelhos altamente tecnológicos, cientistas tiveram mais acesso ao funcionamento do cérebro, e puderam analisar os aspectos biológicos, por exemplo, do funcionamento da atenção e memória, o efeito das emoções no aprendizado, os mecanismos neurais da leitura, e como o cérebro diferencia (ou não) o uso de línguas diferentes.

O estudo da neurociência também apresentou um aspecto sobre a maleabilidade do nosso cérebro: a Neuroplasticidade. “Sabemos agora que o cérebro possui uma enorme capacidade de aprender, mas também há um princípio que se chama, em inglês, ‘Use it or Lose it’”, explica Louise. 

A especialista explica que nosso cérebro possui neurotransmissores e se estes forem requisitados constantemente, a atividade neural aumenta significativamente e esses neurotransmissores são ativados rapidamente. Se esses neurotransmissores não forem ativados, com o tempo, essas “transmissões” são desativadas. Assim, da mesma forma que precisamos exercitar nosso corpo, precisamos também exercitar nosso cérebro. 

“Em indivíduos bilíngues, essa ativação ocorre de maneira diferente do que em indivíduos monolíngues, por ativarem segmentos diferenciados do cérebro, segmentos estes que não são ativados por alunos monolíngues”, afirma.

O sistema executivo, que é a base da atenção e da realização de tarefas simultâneas, controla principalmente três habilidades que são largamente usadas pelo cérebro bilíngue: o controle inibitório, a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva. Por que esse sistema é mais fortalecido nas pessoas bilíngues? Ao ter que escolher qual língua ela irá usar, ela está ativando o sistema inibitório. 

“O cérebro entende que há uma necessidade de inibir um idioma para que se possa usar o outro. Uma segunda habilidade muito importante do sistema executivo é a memória de trabalho. O indivíduo bilíngue está constantemente fazendo associações e procurando sentido a objetos nas duas línguas, fortalecendo assim essa habilidade cuja função principal é a de fazer o vínculo entre ideias, fazer as conexões, recombinar elementos, fatos que as crianças bilíngues fazem constantemente”, diz Louise. 

Já a terceira habilidade do sistema executivo é a flexibilidade cognitiva. Ao aprender uma segunda língua, você também aprende a pensar em outras maneiras de reagir a um dado acontecimento. O controle dessa maneira de pensar está novamente contido dentro desse sistema. Assim, podemos dizer que o indivíduo bilíngue tem esse sistema executivo muito mais fortalecido que a pessoa monolíngue e só podemos ter essa evidência com a ajuda do estudo da neurociência. 

“Outro fator muito interessante estudado pela neurociência é o entendimento de como funciona o mecanismo da memória e a atenção. A atenção e a memória são funções cognitivas imprescindíveis para o processo de aprendizagem e sabemos também que o cérebro bilíngue potencializa a memória alternada, quando o cérebro consegue mudar o foco de atenção entre suas tarefas, ou seja, alternar entre dois idiomas.”

Dessa forma, a neurociência ajudou a entender como o cérebro bilíngue funciona e todas as vantagens cognitivas que um indivíduo bilíngue tem sobre um indivíduo monolíngue. 

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