Pais e educadores devem incentivar o gosto pela leitura desde a infância até a adolescência
Uma pesquisa realizada pelo Instituto do Cérebro (InsCer) em 2020 revela que a leitura exige um processo cognitivo não natural para o cérebro e que necessita de estímulos externos constantes. Ou seja, ler e escrever não são habilidades que se desenvolvem naturalmente no ser humano e, por isso, é importante que, desde cedo, esse hábito seja promovido nas crianças e incentivado pelos pais.
Isso pode ser feito desde antes dos pequenos aprenderem a ler de fato, com a leitura de histórias em voz alta para gerar um interesse. “As crianças gostam muito que os pais leiam histórias antes de dormir e isso vai despertando na criança o desejo de autonomia, para que ela própria possa ler as histórias”, explica Leila Rensi, autora do Sistema Anglo de Ensino. “Não se pode garantir que esse hábito se mantenha até a adolescência, já que é uma fase em que os jovens passam por transformações. Mas os adolescentes que não mantêm esse hábito, voltam a ler depois.”
Embora não haja garantia de que os filhos continuarão com o gosto pela leitura depois de mais velhos, Leila explica estratégias para que esse hábito seja cultivado na infância e permaneça durante os anos.
Mantendo o contato com livros e com histórias
Uma das estratégias práticas mais eficientes para criar e cultivar esse hábito é ter livros em casa, mas também mantê-las por perto desses materiais de outras formas: levá-las a livrarias, feiras de livros, Bienais do Livro ou mesmo em eventos para conhecer os autores e ter seus livros assinados. “Elas costumam ficar muito orgulhosas com isso, então é uma estratégia bastante eficaz.”
Já para escolher quais os livros adequados para apresentar às crianças e para deixar que leiam sozinhas quando já tiverem a idade e a autonomia, Leila aconselha ir a uma livraria, especialmente uma que tenha seção especializada em livros infantis, e perguntar aos atendentes quais as melhores indicações para determinadas faixas etárias. Também é sempre aconselhado aos pais folhearem os livros, entender quais os tópicos tratados e ler a orelha ou o prefácio, pois esses elementos sempre dão boas indicações da classificação indicativa e do resumo da história.
Leila também incentiva a criação de um espaço de leitura feito pelos pais em conjunto com as crianças para que elas também tenham vontade de utilizá-lo. “Toda casa deveria ter um espaço de leitura atraente. Mas, para isso, a criança tem de participar da decoração desse espaço e do arranjo dos livros para que os arrumem como gostam.”
Como ser um bom exemplo
Tanto pais como educadores podem dar um exemplo de que são leitores assíduos lendo livros regularmente, tendo sempre um exemplar em mãos e mostrando que a leitura é importante e presente em suas vidas. “Na escola, eu gosto muito da ideia dos professores contarem a história de leitura deles para os alunos, mostrarem que eles leem, contando a história resumida de suas leituras recentes. Caso os alunos queiram o nome do livro para comprar, dizer ‘Esse livro é para adulto. Mas há outros livros que vocês podem adquirir ou emprestar que são pra idade de vocês.’”
Além do espaço de leitura mencionado anteriormente, é preciso que os pequenos leitores tenham um “cantinho” em uma biblioteca ou na sala de aula para que possam pegar os livros, devolver se não gostarem e terem a liberdade de comentar sobre. Leila indica que os professores mostrem aos seus alunos que o livro é um objeto importante, que deve e irá estar presente em sala de aula.