Literatura brasileira contemporânea: 5 autores que vale a pena conhecer

Professor e coautor do Sistema Anglo sugere escritores e obras para o estudante ampliar o repertório cultural

Quando pensamos em literatura brasileira, logo nos vem à mente os grandes movimentos literários, como Romantismo, Realismo e Modernismo. Mas, considerando os dias de hoje, é comum os alunos se perguntarem qual seria o “ismo” que vivemos atualmente, ou seja, qual a escola literária que estaria em vigor.

“A resposta para essa questão é necessariamente imprecisa. Primeiro, porque nos falta uma visão retrospectiva para avaliar os traços estéticos significativos de nossa época. Segundo, e mais importante, porque o próprio conceito de escola literária (o “ismo”) está em desuso”, explica Fernando Marcílio, professor e coautor do material de literatura do Sistema Anglo.

Ele diz que, para além da simples curiosidade sobre estética, parece existir, por parte dos alunos, um interesse em conhecer o Machado de Assis atual, o Carlos Drummond de Andrade da vez e a Clarice Lispector do momento. “São todos autores geniais, mas a verdade é que não existe uma régua para medir genialidades. Genial é um adjetivo despertado por aquilo que nos toca, que nos comove.”

Essa comoção, segundo ele, pode ser suscitada por um texto que nos diz alguma coisa em um determinado momento. Assim, toda referência a escritores passa por essa relação íntima entre o leitor e a forma como ele lê.

No entanto, alguns nomes da literatura contemporânea podem servir de ponto de partida para se conhecer a produção atual. Um deles é o de Conceição Evaristo, autora de “Ponciá Vicêncio” (2003). Fernando comenta que a obra que já se tornou clássica pela qualidade na realização de uma verdadeira síntese de algumas das tendências mais representativas da nossa literatura atual. “A pesquisa da africanidade, a reflexão em torno da condição feminina e a construção da identidade são temas que já estavam presentes na literatura brasileira e que Conceição Evaristo atualiza e faz avançar”.

A condição feminina também é matéria de Martha Batalha, autora de “A vida invisível de Eunice Gusmão” (2016). “A abordagem, aqui, está centrada principalmente nos relacionamentos íntimos e na contradição entre os mecanismos sociais que teimam em reduzir a mulher à função de dona de casa, vedando-lhe outros caminhos de realização pessoal”, destaca o professor.

Ele lembra que a concomitância de retratos psicológicos e condicionamentos sociais também está presente na obra de Itamar Vieira Júnior, autor de “Torto arado” (2019), cujo lançamento alvoroçou leitores em busca de novidades.

Para alunos sedentos de uma literatura que retrate uma realidade mais próxima da deles, o professor sugere conhecer Geovani Martins, de “O sol na cabeça” (2018). “Os contos do livro se passam em um espaço definido, o Rio de Janeiro, mas esse espaço é visto sob um olhar repleto de frescor e de contundência.”

E para aqueles que querem ter contato com um jeito diferente de contar uma história, a indicação é Aline Bei. Em “O peso do pássaro morto” (2017), ela mistura prosa e poesia, utilizando-se de versos livres, espalhados pelas páginas, para acompanhar a trajetória existencial da narradora protagonista.

“Esses são apenas alguns nomes que mostram a riqueza e a diversidade da nossa literatura contemporânea. Aventure-se você também e faça suas próprias buscas”, incentiva o professor.

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