Cyberbullying: entenda como a prática afeta a vítima

Por ocorrer no ambiente virtual, as proporções e consequências dos atos podem ter um grande alcance e prejudicar o jovem a longo prazo

Você sabe a diferença entre o bullying e o chamado cyberbullying? Segundo Samara Nabuco, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo (SAP), o bullying ocorre em “ambientes off-line”. “Seu alcance em termos numéricos é menor, apesar de serem pessoas mais próximas, uma vez que é rotineiro e uma violência constante já normalizada nos ambientes frequentados pela vítima”, diz a especialista. 

Já o cyberbullying é realizado em “ambientes on-line”. É ampliado em relação ao seu alcance, podendo atingir proporções maiores. Além disso, não ocorre necessariamente com pessoas conhecidas, sendo propício para desconhecidos efetuarem a prática. 

Samara explica que algumas das atitudes sistemáticas do ambiente virtual que podem compor a prática do cyberbullying são: os “linchamentos virtuais”; os vazamentos de conteúdos pessoais; a criação de memes, quando em tons pejorativos, envolvendo outras pessoas; as mensagens de ameaças; assim como mensagens com teor de ofensas e humilhações. 

Bullying e cyberbullying afetam a vítima de formas diferentes

Com o bullying, o clima ruim do ambiente acaba afetando as relações e as possibilidades de desenvolvimentos da pessoa que é alvo dessas ações. O que dificulta nesse aspecto é o fato dessas práticas serem presentes no cotidiano da vítima em uma violência sistematizada. 

Em relação ao cyberbullying, quanto aos “linchamentos virtuais”, estes são propícios em situações de conflito que viralizam. “As pessoas acabam julgando rapidamente sem muita reflexão crítica as situações, mesmo que descontextualizadas ou fragmentadas. Como o ambiente é virtual, as proporções e consequências dos atos podem ser maiores, uma vez que, quando um grupo de pessoas age de uma maneira, pode dar a sensação aparente de justiça da ação. Desta forma, outros podem sentir-se autorizados a fazer o mesmo”, explica a psicóloga. 

Quem faz a ação não costuma pensar nas consequências ou não acredita que sua ação terá tantas consequências na vida da outra pessoa, segundo Samara. “Pode não levar em conta a somatória dos atos do coletivo de muitos realizando a mesma ação, potencializando as consequências danosas – e, com a internet, por mais tempo, pois a exposição ao julgamento acaba sendo atemporal”, diz. 

Esses efeitos não ocorrem somente nos “linchamentos virtuais”, em práticas de exposição de conteúdos pessoais ou mesmo mensagens que ameaçam e humilham a dignidade de alguém. Por ser no meio virtual, o alcance acaba sendo significativo. 

“Além disso, há também o fator de manter-se na internet por muito tempo, não havendo, muitas vezes, o ‘direito de ser esquecido’. Por esse motivo, quem é alvo desses ataques acaba sendo muito atingido.”

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