O humor dos quadrinhos exige que o leitor esteja atento, na mesma medida, à imagem e ao texto
Ao estudar qualquer idioma, mais do que dominar as regras gramaticais, é fundamental que o indivíduo saiba interpretar frases, textos e produções culturais. As tirinhas e charges são algumas das opções mais escolhidos pelas escolas para trabalhar essa habilidade, por serem curtas, significativas e aparecerem nos vestibulares com frequência.
O autor do Sistema Anglo de Ensino, Henrique Braga, separou algumas dicas que podem ajudar os estudantes na interpretação desses elementos. Confira:
1- Observe muito bem as imagens
A primeira recomendação é “ler” as imagens, isto é, observá-las com atenção e compreendê-las. “Como o texto verbal costuma ter mais espaço na Educação Básica, é muito comum que os estudantes deem, erroneamente, mais peso a ele do que à parte não-verbal. Esses gêneros (tirinhas e charges) são multimodais, pois exploram imagem e palavra – duas modalidades que se correlacionam”, diz Braga.
A interpretação depende, portanto, da observação dos dois campos. A forma, cor e expressão das personagens e do cenário não podem passar despercebidas pelo estudante, mesmo que essa análise não seja cobrada explicitamente pela questão.
Enquanto nos quadrinhos pode haver uma mudança imagética de um bloco para outro, a charge normalmente traz apenas um quadro. Na maioria das vezes, essa imagem promove uma sátira de um tema complexo, retratado de forma opinativa ou crítica – o que exige uma atenção especial do leitor.
2- Procure elementos que provoquem duplo sentido
Tanto nas tirinhas quanto nas charges, a ambiguidade pode ser a principal fonte de humor.
“Especialmente nos vestibulares e no Enem, quando se explora tirinhas e charges, é comum que o duplo sentido seja tema. Então, procurar uma palavra que seja polissêmica ou uma expressão ambígua pode dar um direcionamento para a leitura”, afirma Braga.
3- Busque correlacionar o seu repertório cultural
Para interpretar uma tirinha e, principalmente, uma charge, o leitor pode precisar conectar aquela produção com o seu repertório cultural. Isso porque, muitas vezes, a crítica diz respeito a um tema complexo, que exige uma certa bagagem para atingir uma interpretação adequada.