O equilíbrio emocional é fundamental tanto para a organização dos estudos cotidianos quanto para o desempenho em avaliações e vestibulares
Um mapeamento desenvolvido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna demonstrou que 70% dos estudantes avaliados relataram sintomas de depressão e ansiedade. Além disso, uma em cada três crianças e jovens revelou ter dificuldades para se concentrar no que é proposto em sala de aula.
A pesquisa analisou 642 mil alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e do 3ª ano do Ensino Médio da rede estadual. Ela ainda constatou que 18,8% dos estudantes afirmaram se sentir totalmente esgotados e sob pressão, 18,1% relataram a perda total de sono por conta das preocupações e 13,6% disseram que não têm mais confiança em si. Ou seja, essa condição afeta tanto a vida pessoal quanto acadêmica dos jovens dessa faixa etária.
A importância do equilíbrio emocional nos estudos
Bárbara Souza, psicóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP) e autora do material de Projeto de Vida do Sistema Anglo, afirma que o equilíbrio emocional é fundamental tanto para um bom desempenho nos estudos cotidianos quanto na performance em avaliações e vestibulares.
“No primeiro caso, o equilíbrio emocional favorece a manutenção da regularidade dos estudos na rotina ao evitar picos de muita dedicação, que, não raro, são seguidos por períodos de muito cansaço e baixa disposição para estudar”, diz ela. “É como um atleta que faz um treino muito exigente em um dia e passa os dias seguintes sem conseguir treinar”.
Quanto ao desempenho nas avaliações e vestibulares, Bárbara conta que o estudante sem equilíbrio emocional fica mais suscetível ao desespero diante de qualquer dificuldade na prova. É possível que esse aluno também não consiga seguir sua estratégia, que foi desenvolvida e treinada ao longo da preparação. Isso pode acontecer por insegurança ao vivenciar a pressão do tempo, da exigência pelo rendimento e da situação “agora é pra valer”.
O estudo saudável
A psicóloga ressalta que o estresse e certo grau de ansiedade fazem parte da preparação para os vestibulares ou outras avaliações exigentes. Por isso, o equilíbrio emocional não é a ausência desses sentimentos, mas sim o gerenciamento deles.
“Quando a ansiedade e o estresse ficam muito intensos ou recorrentes, pode haver um prejuízo na qualidade da atenção durante os estudos e as provas, interferindo, por exemplo, na compreensão e na otimização do tempo”, aponta. “Nesse sentido, a autopercepção e o autoconhecimento são ferramentas fundamentais para auxiliar o estudante a ter consciência do seu estado emocional, favorecendo o autocuidado”.
Para estudar de uma maneira saudável, Bárbara dá algumas dicas:
- Construir uma rotina equilibrada, distribuindo o tempo disponível entre os estudos e planejando bem o que será trabalhado;
- Manter uma alimentação saudável;
- Praticar atividades físicas regularmente, ao menos 3 vezes por semana;
- Cuidar da qualidade do sono;
- Ter uma vida social satisfatória.
Além disso, a especialista lembra que algumas técnicas de relaxamento podem auxiliar na melhora da respiração e do foco, podendo ser implementadas também nos intervalos entre matérias ou em sequências longas de estudo.